20.12.16

Pensar o futuro de Sicó: reflectir sobre 2016 para melhor preparar 2017


Estamos a poucos dias de finalizar mais um ano civil e iniciar um novo ano. É, portanto, a altura ideal para reflectir sobre o passado recente e idealizar o futuro próximo.
Ontem deparei-me com o que podem ver na fotografia e que ilustra este comentário. Parei logo e fui buscar a máquina fotográfica ao banco de trás do carro. É um daqueles momentos que merece ficar registado para a posterioridade, mesmo apesar do facto de ser um momento comum para quem por ali passa todos os dias quando o sol se mostra no seu esplendor. É uma imagem de contrastes, a bela da árvore e a bela da casa antiga e abandonada. Resumindo, é uma imagem de contraste, ideal para ajudar a reflectir um pouco sobre Sicó e sobre o seu património e a sua cultura.
Sobre 2016, foi mais um ano de activismo em prol do património de Sicó. Foi mais um ano de trabalho em prol desta extraordinária região e mais um ano de apoio a quem me pediu ajuda para resolver algumas situações mais gravosas. Dei continuidade à minha luta contra os interesses instalados, aqueles que pensam que querem, podem e mandam. Mas não ficam impunes... Estes mesmos interesses continuam a pensar que não há quem seja mais esperto do que eles, contudo afinal têm aprendido que há quem lhes faça frente, sem receio algum. 
O património da região de Sicó continua a ser delapidado pela acção destes mesmos interesses e pela acção de gente que pensa apenas em si própria, desrespeitando a lei e o património de Sicó. Contudo as coisas têm mudado para melhor. Pouco a pouco, e graças ao trabalho de muitas pessoas, de muitas associações e afins, o património continua a ter muitos defensores, não daqueles que dizem que são, mas daqueles que são consequentes com o que afirmam e defendem. A todos esses, o meu muito obrigado!
Mas vamos a 2017. Vai ser um ano particularmente interessante para o património de Sicó. O facto de ser um ano eleições autárquicas representa por si mesmo um pormenor diferenciador, já que é aqui que se traçam boa parte das estratégias relativas ao património de Sicó, através dos respectivos programas eleitorais. Por isso será determinante envolverem-se nas autárquicas, seja em que partido político for ou em candidaturas independentes, ou seja simplesmente por votarem no dia das eleições. Contudo há outro pormenor importante, ou seja exigirem que o património seja protegido e valorizado. Chega da (i)lógica de exigirem apenas que alcatroem a vossa rua ou que coloquem uma manilha, tudo a troco de duas canetas de um qualquer partido, de um outro qualquer brinde, pois não é esse o caminho. Exijam o melhor dos candidatos, exijam que eles sejam consequentes com o que vão apregoar, já que palavras vãs e de ocasião valem zero.
Resumindo, para sermos uma região com futuro temos de ser exigentes connosco próprios, facto esquecido por muitos de nós. Só assim poderemos aspirar a algo melhor!

16.12.16

E que tal nós, sicoenses, elaborarmos um projecto para submeter ao Orçamento Participativo Portugal?


Estranho? Não, nem por isso. Vamos então ao desafio. De Janeiro a Abril de 2017 nós, região de Sicó, temos uma oportunidade ímpar para propor um projecto pensado por nós e para nós. Mas só se quisermos e, posteriormente, se nos unirmos pela região, sem políticas da capelinha e politiquices à mistura. Como? Através do Orçamento Participativo Portugal. Desde já aproveitem para dar uma espreitadela e depois, só depois, continuem a ler este comentário. 
Temos a possibilidade, de ao nível da NUT II - Centro, apresentar uma ideia para a região de Sicó, onde haverá com toda a certeza uma vencedora (as propostas serão ao nível das NUT II, portanto uma será para nós...).
Resumindo, nós podemos esboçar uma proposta para entrar neste Orçamento Participativo Portugal, podendo ser a mesma no âmbito da cultura, ciência, agricultura ou educação e formação de adultos. Já pensaram nas possibilidades que temos para pensar em algo que realmente precisamos e que podemos escolher? Sim, somos nós mesmos que vamos votar, entre Junho e Setembro de 2017, portanto se o lóbi "Sicó" funcionar, temos reais hipóteses. O montante do projecto é de 375 000 euros, portanto dá para fazer algo de engraçado, digamos assim.
Fica desta forma o desafio para uma Sicó inovadora e activa, onde todos exerçam o seu papel. Cidadãos, entidades públicas e/ou privadas, todos contam, portanto fico à vossa espera, caso assim o entendam. O desafio está lançado e a informação partilhada. Há que debater a questão, as ideias e delinear uma ideia ganhadora, entre todos, pois é assim que uma sociedade evolui, participando activamente nos processos, especialmente naqueles onde pode ser parte plena e activa. 
Vamos ficar parados e queixarmo-nos que a culpa da nossa má sorte é de alguém que não nós ou vamos meter mãos à obra?!

12.12.16

O erro assimilado com normalidade...


Era algo que estava na lista de espera dos comentários há vários meses. Com tanta acção na região de Sicó, é sempre difícil de gerir uma data exacta para abordar um determinado tema. Eis então que chegamos ao dia esperado.
Logo que detectei esta placa, pensei logo em incluí-la nos meus comentários, já que é matéria-prima para trabalhar no âmbito do azinheiragate. Conheço este local desde criança, daí ter ficado algo espantado com a falta de originalidade aquando da atribuição do nome desta rua. Não faltavam motivos para basear o nome de uma rua, contudo optou-se pelos "eucaliptos". Nunca escondi uma espécie de ódio que tenho pelos eucaliptos, já que estes têm representado um verdadeiro terrorista, que baseados numa fé pelo lucro rápido (caso não ardam...), têm desvirtuado também este território. A vegetação autóctone é arrasada, caso de carvalhos, azinheiras, medronheiros e afins, o solo vai à vida e surge o eucalipto, muitas vezes de forma ilegal. E mesmo quando denunciados, só se paga uma multa e os eucaliptos lá continuam. O eucalipto tem promovido um verdadeiro desordenamento do território e da floresta.
Claro que há espaço para o eucalipto, contudo, e tal como se costuma dizer, tudo o que é demais cheira mal. Urge voltar a plantar carvalhos, azinheiras, medronheiros e todo o tipo de vegetação autóctone. E depois começar a retirar dali rendimento. Sim, é possível, o problema é que o pessoal gosta de ganhar mais possível sem fazer nada e pensando apenas em si...

8.12.16

Fontes da memória


Já são poucas e menos ainda aquelas de onde ainda sai o precioso líquido, a bela da água. São belos exemplos que começam a escassear no espaço público e a proliferar no mercado negro, umas roubadas, outras vendidas a custo injusto.
São recordações de outros tempos, em alguns casos perpectuados pelas entidades públicas, casos das Juntas de Freguesia ou Câmaras Municipais. 
Esta fonte passa despercebida a muitos dos que ali passam, contudo é algo digno de se ver e de elogiar. Apesar de, derivado da sua localização, estar numa área segura, prefiro não divulgar publicamente, de forma a evitar vandalismo ou roubo.


É incrível como é que muitos de nós não dão valor a fontes como esta, ao mesmo tempo que alguns são capazes de dar umas dezenas de euros para as colocar no jardim, como enfeite, traço comum da nossa portugalidade. Há que preservar as várias fontes que ainda vamos vendo pela região de Sicó. Abordar o assunto aqui, no azinheiragate, é um mero contributo para isso mesmo. Mas como se costuma dizer, grão a grão...


4.12.16

Atenção que o desastre continua no Inverno...


Infelizmente não pude ajudar ao combate a este incêndio, o qual afectou, entre outros, as Degracias. Infelizmente é uma imagem recorrente na região, onde ano após ano determinadas áreas ficam como podem ver nas fotografias. Também recorrente é o que se vê na segunda fotografia, ou seja placas de caça ardidas rapidamente substituídas. Pena é que os caçadores se preocupem mais com a substituição das placas do que com a recuperação ambiental das áreas ardidas...


Este foi um grande incêndio, o qual calcorreou centenas de hectares do carso de Sicó. Este foi um incêndio que castigou fortemente uma área frágil e, diga-se, já fragilizada a vários níveis, condenando um modo de vida ancestral. Famílias que tinham o olival como sustento, viram tudo transformado em cinzas. As televisões, sedentas de chamas para encher os jornais das 13 ou das 20, faziam fila para filmar o desastre inicial. Contudo, agora que o desastre continua sem chamas, mas com erosão dos solos e dificuldades para toda uma população idosa, a coisa já não é interessante para explorar nos mesmos jornais. E de quem é a culpa? Nossa, pela inacção enquanto povo. Pouco ou nada se trabalha a montante, de forma a evitar grande parte deste cenário, e continua a seguir-se uma linha de despejar dinheiro na prevenção, a qual, diga-se, se resume a muito pouco. A prevenção activa que se fazia há coisa de uma década, é coisa do passado. As carrinhas então utilizadas na prevenção, fazem tudo menos prevenção. As motas, essas desapareceram do mapa.


Os últimos anos têm sido relativamente calmos para alguns dos municípios da região de Sicó, facto que trouxe consigo um relaxamento pouco desejável e, diga-se, contraproducente. No fim da linha estão os bombeiros, os quais são muitas vezes o bode expiatório para muita gente. A maior parte das vezes as críticas são injustas, facto que importa destacar. E poucos são os que têm conhecimento e moral para falar sobre esta temática.
Já agora, aproveitem para se fazer sócios da corporação de bombeiros do vosso concelho, pois é uma boa prenda que podem dar a vós próprios. Isso mesmo, vós próprios.


Nestes dias de frio, aproveitem para ir até estes locais fantasma, pois é a forma mais eficaz para reflectirem sobre este desastre e sobre as respectivas consequências. Lembrem-se que a vossa passividade e inacção contribuem para este cenário. E não, não é uma fatalidade, trata-se sim de um problema tremendamente complexo, com muitas variáveis, mas com solução, tendo a sua génese nas más políticas de ordenamento do território promovidas nas últimas décadas. As próximas décadas não serão melhores, contudo podemos e devemos reverter esta agonia crónica que nos condena e nos tortura a cada Verão que passa. Findado o Verão, tudo se esquece, pelo menos até ao próximo...