22.9.16

Livre trânsito para a porcalhice: na senda do inaceitável





Num país avançado, daqueles que tanto fazemos questão de gabar quando queremos fazer comparações, os atentados ambientais com o apoio de entidades públicas várias são mais difíceis de ocorrer, mas afinal estamos em Portugal, uma bela república das bananas, onde tudo se pode fazer, onde há quem, à revelia das mais elementares regras, defenda gente velha amiga da política, seja a que custo for, mesmo que quem fique a perder seja o interesse público e a saúde pública. Para que as asneiras ambientais e uma quase total impunidade sejam possíveis basta ter dinheiro e/ou estar ligado directa ou indirectamente aos círculos de poder "político"/económico. Neste país chega-se ao cúmulo de olhar de lado quem denuncia e aplaudir quem polui, pois o dinheiro fala mais alto.
Reflexões à parte, e indo directamente à questão, volto a abordar uma situação que considero escandalosa, já previamente denunciada e explanada. Alguns meses após a denúncia, a qual fez muitas pessoas perder medo de falar (embora haja muitas outras que continuem com receio de falar...), eis que a impunidade continua à vista. O esgoto continua a prendar quem por ali passa com o mau cheiro e com uma água com propriedades... pouco amigas da saúde humana. E, há que sublinhar, este esgoto, ilegal, e construído pela própria autarquia, a pedido da entidade responsável pela produção daquela água com propriedades... especiais, tem tido basicamente livre trânsito para poluir, algo que me choca profundamente enquanto cidadão e geógrafo. Porque será que o mais simples e humilde cidadão tem de ter uma fossa séptica e, quando cheia, tem de mandar vir o tractor para despejar no local indicado (ETAR) e uma entidade pública ou privada não o tem de fazer? Porque será que, além de se manter um sistema caduco, se construiu um esgoto para drenar livremente para um sumidouro (ex.), a partir do qual a poluição se vai espalhar em poucos dias por um raio de alguns km a dezenas de km? Dois pesos e duas medidas? E o ordenamento do território, é algum enfeite para inglês ver?!
Estas fotos e os vídeos foram registados há poucos dias, já que este local está a ser monitorizado por várias pessoas desde há largos meses. E vigiado também... Acho uma graçola ir aquele local e logo depois aparecer o "fiscal".
Peço especialmente a todo/as o/as aquele/as que vivem no Alvorge denunciem esta situação e façam pressão, de forma a que a situação seja resolvida. Vão ao local, tirem fotos, façam vídeos e partilhem nas redes sociais, sem medo nem receios. Porque é que o deverão fazer? Simples, porque terceiros estão a poluir os (vossos) recursos aquíferos, precisamente aqueles que tanto precisamos. As vossas reservas de água, recurso estratégico para as próximas décadas, estão a ser comprometidas com o vosso consentimento, através da vossa passividade. A água é um recurso crucial! O que consideram mais importante, defender quem polui ou defender a vossa saúde e a saúde de milhares de pessoas? Não se trata de saber se existe poluição, mas sim saber a real magnitude da mesma. Sim, porque é isso e apenas isso que está em causa. Agora peço-vos o favor de partilharem este comentário, pois isso pode fazer muita diferença e levar a bom porto esta questão.
Esta é uma novela que já teve episódios muito caricatos, com muita polémica, incoerência, contra-informação e que inevitavelmente terá continuidade. Sim, já que há quem diga que esta é uma não questão e que está tudo nos conformes. Muito pelo contrário meus caros, muito pelo contrário...





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