27.1.16

Eu queria dizer que sim, mas não consigo...




No início do mês de Janeiro abordei aqui uma questão com a qual lido há alguns anos. Passadas 3 semanas do comentário, eis que me disseram que a situação tinha sido resolvida. Gosto de pensar que o comentário ajudou a mitigar o problema. Fiquei bastante contente, no entanto fiquei curioso, já que em vez de resolvida, disseram-me que a situação tinha sido "resolvida". 
Eis que me desloquei até ao local, na ânsia de efectuar o respectivo registo fotográfico, bem como de elaborar este mesmo comentário. Até lá chegar, pensava apenas nos elogios que deveria fazer, pois há que aplaudir acções de limpeza. Não sei se foi a Câmara Municipal de Ansião ou a Junta de Freguesia de Chão de Couce que meteram mãos à obra, mas penso que daqui a uns dias saberei quem foi.
Mas afinal havia ali algo que me incomodou bastante. É certo que houve intervenção, é certo que alguns dos monos foram retirados, caso dos colchões, mas porque carga de água se enterraram (mal...) alguns pára-choques, em vez de os retirar? Faz algum sentido? Qual a lógica associada?
Se nesta intervenção tivessem sido retirados também os pára-choques, pneus e mais algumas coisas, aí até ficaria contente, mas assim não, muito pelo contrário. Tenho de condenar veemente esta atitude e não a deixar passar em branco, de forma a que as boas práticas sejam consolidadas e os maus hábitos extintos.
Não basta mandar para ali uma máquina e eventualmente uma carrinha, para retirar os colchões, tem de se enviar uma máquina e uma carrinha para retirar tudo aquilo que é possível. E se for precisa ajuda, também se arranja. É certo que é difícil limpar tudo, mas pelo menos o básico tem de ser feito...





22.1.16

Uma decepção de transportes públicos


Sou do tempo em que apanhar um autocarro ainda era um hábito para quem precisava de ir até outras paragens. Fosse para Coimbra, Leiria, Lisboa, Porto, ou outros mais, ainda se conseguia embarcar facilmente. Entretanto os anos passaram e as coisas começaram a ficar mais escassas. Os horários mudaram, alguns pontos de paragem deixaram de existir e o sistema de transportes públicos foi ficando mais pobre. Nada de anormal, tendo em conta as políticas que favoreceram escandalosamente o automóvel. Uma das coisas que mais me foi incomodando foi por exemplo ver aumentar o número de carros a circular no IC8 apenas com um ocupante. Ao mesmo tempo deixei de ver o pessoal a pedir boleia, pois hoje em dia dizem que é perigoso...
Não se tem debatido o tema dos transportes públicos, se calhar porque não é chique. Não se tem debatido a temática da mobilidade na região de Sicó, daí não surgirem soluções para um problema real e cada vez mais actual. Inovação nem vê-la...
Gostava que esta questão fosse debatida por todos nós, daí este comentário. Sei que serão poucos os que se vão dar ao trabalho de ler estas linhas, mas afinal isto é mesmo assim, só para quem se interessa.
Mas não quero falar apenas de transportes públicos, pois estes podem e devem estar associados a outras formas de mobilidade, caso das bicicletas. Quantos utilizam a bicicleta como transporte no seu dia-a-dia? É certo que não são todos que o podem fazer, já que, por vezes, a distância é impeditiva, no entanto quantos é que o poderiam fazer e não fazem porque não estão para isso? Há alguma empresa que premeie o trabalhador por ir de bicicleta para o trabalho? E o Estado, porque não apoia medidas deste tipo? Porque não se vê um único autocarro com suportes para bicicletas, tal como se vê nos tais países que tanto gabamos quando queremos falar em progresso? Nos comboios da CP, que passam por Pombal, já se começa a ver isso, embora a capacidade seja mínima. 
Falando nos comboios, como é possível ficar quase ao mesmo preço ir de carro ou de comboio para destinos a várias dezenas de km? E isto sabendo que os horários são pouco flexíveis e os atrasos comuns. Há 6 anos eu costumava fazer uma viagem de comboio que, ida e volta, ficava a 23,5 euros. Poucos meses depois já ficava por mais de 30...
São estas pequenas coisas que precisamos de reflectir seriamente, pois ao nível da mobilidade, falta uma estratégia para esta região. Obviamente que é uma realidade particular, mas basta querer para as coisas surgirem...

17.1.16

E se acontecesse um "êxodo urbano"?


Êxodo rural e litoralização são dois termos com os quais comecei a conviver desde que entrei activamente no "universo geográfico". São dois fenómenos muito caros a Portugal, já que, com ambos, vieram muitos dos maiores problemas que afectam e afectarão Portugal nas próximas décadas. Portugal ficou bastante desequilibrado em termos sociais, culturais, ambientais e económicos.
Várias regiões ficaram desprovidas dos seus maiores valores, começando por uma imensa quantidade de valorosas pessoas que dinamizavam a economia, a cultura e, não menos importante, moldavam muitas das belas paisagens com as quais ainda vamos convivendo por este país fora. Sicó não é excepção e as últimas décadas demonstram bem isso mesmo.
Mas não é de êxodo rural que quero falar, mas sim de êxodo urbano. Claro que não desejo um êxodo urbano puro e duro (que seria tão nocivo como o êxodo rural), mas sim algo sustentado, sensivelmente na linha do projecto desenvolvido pelos Novos Povoadores.
Hoje em dia somos formatados para pensar que estarmos ligados ao sector primário é algo de "retrógado" e estar ligado ao sector secundário ou terciário é que é fixe. A corrente mainstream dita isto mesmo e a maioria vai atrás do que os outros dizem, que nem carneiros, em vez de parar para pensar e seguir um futuro idealizado e planeado por si mesmo.
Uma das coisas que mais me faz rir é ouvir os tecnocratas dizer que a "solução" A ou B é que resolve isto e aquilo. Ou seja, tecnocratas quase que alheados do mundo real, dos cheiros e das paisagens, pensam que conseguem fabricar soluções à medida das suas visões, quando afinal não é o mundo real que se tem de adaptar a eles, mas sim o contrário. Quando se fala em soluções, raramente se fala nos interesses económicos que nos pretendem na "cerca", de modo a não só não desenvolvermos o pensamento crítico, mas também sermos as "vítimas" do consumismo. Compro, logo existo, é este o lema do capitalismo predatório. No mundo real o único lema é, penso, logo existo. Eu acrescentaria que trabalho para viver e não vivo para trabalhar. Ou até que só quem não faz o que gosta é que precisa de férias.
Há uma solução para muitos dos problemas do país, e essa solução passa por uma migração de muitas pessoas para o interior do país. Há ainda uma geração que ainda tem um potencial muito grande em termos de apego à terra, de saber fazer no mundo rural e de fazer pontes com as gerações mais velhas. Dinamiza-se as economias locais, actualmente muito fragilizadas, seja pelo comércio, pela reabilitação do imenso edificado abandonado, pelo turismo, pela agricultura biológica (aproveitando as variedades tradicionais e não as culturas da moda....) e muito mais. E tudo isto acompanhado por uma não menosprezável qualidade de vida.
Claro que isto não interessa a um importante grupo de interesses económicos. Um deles eu denomino como gang do eucalipto.
O mundo rural tem uma imensidão de oportunidades, as quais estão à nossa espera. Seja na região de Sicó ou no interior de Portugal (Sicó não é interior, caros autarcas...), basta pensar as coisas com cabeça, planear os projectos e seguir em frente. Se é fácil? Não, não é, mas o resultado final ultrapassa todas aquelas dificuldades e angústia que temos na hora de mudar a nossa vida.
Resumido, é isto...

13.1.16

Vamos ao teatro?


Sim, é uma imagem estranha à primeira vista, mas, diga-se, bastante divertida (que se calhar traz à memória outros tempos de alguns de nós, quando fazíamos desenhos deste tipo nos cadernos). Só para esclarecer os mais desatentos. No próximo dia 16, o Grupo de Teatro Olimpo comemora o seu 19º aniversário e, para isso, vai-nos presentear com a peça (estreia!) "MEU MARIDO QUE DEUS HAJA". Não há desculpas para faltarem, pois é de entrada gratuita e é no Centro Cultural de Ansião, numa sala que merece casa cheia.
O Grupo de Teatro Olimpo tem contribuido qualitativa e quantitativamente para o panorama cultural local, regional e nacional, dadas as suas frequentes viagens pelo país. Cidadania também é usufruir destes momentos, gratuitos ou não.
Fica o desafio para uma casa cheia. Fica o desafio também para aquele/as que não são da região de Sicó, mas que têm aqui um forte motivo para virem até esta bela região. 
Usufruam sff!

9.1.16

Um projecto que merece todo destaque (e mais algum)


Não compreendo como é que um projecto tão interessante teve tão pouca divulgação por parte da imprensa. Sim, eu sei que Alvaiázere fica ali um bocadinho ao lado, mas garanto-vos que isso é uma mais-valia e não um problema.
"Alvaiázere (re)construção digital" é um projecto do Museu de Alvaiázere. Felicito a directora do Museu pelo notável projecto. Desde já convido os que não conhecem a ir conhecer um destes dias o belo Museu de Alvaiázere. E os que já conhecem, voltem, pois vale mesmo a pena.
Tendo em conta o potencial deste projecto, considero que o mesmo deve ser divulgado de forma massiva, pois só assim se conseguirá chegar aqueles que normalmente não se consegue chegar. Muitos têm fotos no fundo do baú, as quais se vão perder mais tarde ou mais cedo. Recuperar estas fotos é valorizar o património, parte dele já inexistente, parte dele ainda existente. Por mais insignificante que possa parecer, pode retirar-se material muito importante destas fotos, seja aspectos arquitectónicos, culturais, ambientais e tudo o que possam imaginar. Pode servir vários propósitos, facto que tem enorme  potencial a vários níveis. Especialmente para o alvaiazerenses ou para quem ali tem raízes, fica um desafio, conhecer o projecto e, se possível, contribuir para o mesmo!

5.1.16

Os porcos não dormem...


Já não passava por ali há uns tempos e foi depois de um pedido de ajuda de um particular, que me avisou, que fui até ali (re)ver o que se passava. Agradeço a todo/as aquele/as que me vão enviando informação sobre este tipo de situações. Bem hajam!
Estas duas imagens são da envolvência da zona indústrial do camporês, em Chão de Couce, Ansião. É uma zona de fundamentalismos, ironia das ironias tendo em conta a indirecta que há uns tempos alguém  me mandou (e que foi um autêntico tiro no pé...). 
Há 5 anos realizou-se um dos eventos ambientais mais importantes da última década em Ansião, o Limpar Portugal. Ansião excedeu as expectativas e só o tempo não ajudou. Cidadãos, autarquia, juntas de freguesia e empresas, todos deram parte de si, o que se reflectiu num momento histórico do qual tenho orgulho de ter feito parte e de ter trabalhado voluntariamente 2 meses em prol do mesmo.
Infelizmente os anos passaram e aquela que, em 2010 era a zona negra do concelho de Ansião, continua a sua senda de deposição criminosa de resíduos. As mentalidades não mudaram o suficiente e não tem sido feito um esforço sério em termos de sensibilização ambiental. Preferimos assobiar e olhar para o lado. A sensibilização ambiental e cívica carece de atenção e trabalho permanente, algo que, de facto, não acontece em Ansião (e não só...). Falta o know-how e o estabelecer esta questão como uma prioridade e um imperativo civilizacional.
Acho incrível como é que havendo um eco-centro, situado a escassas dezenas de metros dali, continuem a haver pessoas que deixam o seu lixo em terrenos alheios. Será que custa assim tanto andar mais uns metros e ter a atitude certa? E será que dá trabalho telefonar à Câmara Municipal de Ansião para vir recolher os monos? Triste gente que polui esta nossa bela região...
Uma coisa vos garanto, não terei qualquer problema em  denunciar todo/as aquele/as que apanhar a fazer esta pouca vergonha!
Agora o desafio, caso suspeitem que um vizinho ou conhecido vosso vai despejar resíduos desta forma, denunciem o mesmo, pois à parte da sensibilização ambiental e cívica, esta é uma excelente medida educativa e punitiva para com porcos (sem ofensa para com os suínos).