20.12.16

Pensar o futuro de Sicó: reflectir sobre 2016 para melhor preparar 2017


Estamos a poucos dias de finalizar mais um ano civil e iniciar um novo ano. É, portanto, a altura ideal para reflectir sobre o passado recente e idealizar o futuro próximo.
Ontem deparei-me com o que podem ver na fotografia e que ilustra este comentário. Parei logo e fui buscar a máquina fotográfica ao banco de trás do carro. É um daqueles momentos que merece ficar registado para a posterioridade, mesmo apesar do facto de ser um momento comum para quem por ali passa todos os dias quando o sol se mostra no seu esplendor. É uma imagem de contrastes, a bela da árvore e a bela da casa antiga e abandonada. Resumindo, é uma imagem de contraste, ideal para ajudar a reflectir um pouco sobre Sicó e sobre o seu património e a sua cultura.
Sobre 2016, foi mais um ano de activismo em prol do património de Sicó. Foi mais um ano de trabalho em prol desta extraordinária região e mais um ano de apoio a quem me pediu ajuda para resolver algumas situações mais gravosas. Dei continuidade à minha luta contra os interesses instalados, aqueles que pensam que querem, podem e mandam. Mas não ficam impunes... Estes mesmos interesses continuam a pensar que não há quem seja mais esperto do que eles, contudo afinal têm aprendido que há quem lhes faça frente, sem receio algum. 
O património da região de Sicó continua a ser delapidado pela acção destes mesmos interesses e pela acção de gente que pensa apenas em si própria, desrespeitando a lei e o património de Sicó. Contudo as coisas têm mudado para melhor. Pouco a pouco, e graças ao trabalho de muitas pessoas, de muitas associações e afins, o património continua a ter muitos defensores, não daqueles que dizem que são, mas daqueles que são consequentes com o que afirmam e defendem. A todos esses, o meu muito obrigado!
Mas vamos a 2017. Vai ser um ano particularmente interessante para o património de Sicó. O facto de ser um ano eleições autárquicas representa por si mesmo um pormenor diferenciador, já que é aqui que se traçam boa parte das estratégias relativas ao património de Sicó, através dos respectivos programas eleitorais. Por isso será determinante envolverem-se nas autárquicas, seja em que partido político for ou em candidaturas independentes, ou seja simplesmente por votarem no dia das eleições. Contudo há outro pormenor importante, ou seja exigirem que o património seja protegido e valorizado. Chega da (i)lógica de exigirem apenas que alcatroem a vossa rua ou que coloquem uma manilha, tudo a troco de duas canetas de um qualquer partido, de um outro qualquer brinde, pois não é esse o caminho. Exijam o melhor dos candidatos, exijam que eles sejam consequentes com o que vão apregoar, já que palavras vãs e de ocasião valem zero.
Resumindo, para sermos uma região com futuro temos de ser exigentes connosco próprios, facto esquecido por muitos de nós. Só assim poderemos aspirar a algo melhor!

16.12.16

E que tal nós, sicoenses, elaborarmos um projecto para submeter ao Orçamento Participativo Portugal?


Estranho? Não, nem por isso. Vamos então ao desafio. De Janeiro a Abril de 2017 nós, região de Sicó, temos uma oportunidade ímpar para propor um projecto pensado por nós e para nós. Mas só se quisermos e, posteriormente, se nos unirmos pela região, sem políticas da capelinha e politiquices à mistura. Como? Através do Orçamento Participativo Portugal. Desde já aproveitem para dar uma espreitadela e depois, só depois, continuem a ler este comentário. 
Temos a possibilidade, de ao nível da NUT II - Centro, apresentar uma ideia para a região de Sicó, onde haverá com toda a certeza uma vencedora (as propostas serão ao nível das NUT II, portanto uma será para nós...).
Resumindo, nós podemos esboçar uma proposta para entrar neste Orçamento Participativo Portugal, podendo ser a mesma no âmbito da cultura, ciência, agricultura ou educação e formação de adultos. Já pensaram nas possibilidades que temos para pensar em algo que realmente precisamos e que podemos escolher? Sim, somos nós mesmos que vamos votar, entre Junho e Setembro de 2017, portanto se o lóbi "Sicó" funcionar, temos reais hipóteses. O montante do projecto é de 375 000 euros, portanto dá para fazer algo de engraçado, digamos assim.
Fica desta forma o desafio para uma Sicó inovadora e activa, onde todos exerçam o seu papel. Cidadãos, entidades públicas e/ou privadas, todos contam, portanto fico à vossa espera, caso assim o entendam. O desafio está lançado e a informação partilhada. Há que debater a questão, as ideias e delinear uma ideia ganhadora, entre todos, pois é assim que uma sociedade evolui, participando activamente nos processos, especialmente naqueles onde pode ser parte plena e activa. 
Vamos ficar parados e queixarmo-nos que a culpa da nossa má sorte é de alguém que não nós ou vamos meter mãos à obra?!

12.12.16

O erro assimilado com normalidade...


Era algo que estava na lista de espera dos comentários há vários meses. Com tanta acção na região de Sicó, é sempre difícil de gerir uma data exacta para abordar um determinado tema. Eis então que chegamos ao dia esperado.
Logo que detectei esta placa, pensei logo em incluí-la nos meus comentários, já que é matéria-prima para trabalhar no âmbito do azinheiragate. Conheço este local desde criança, daí ter ficado algo espantado com a falta de originalidade aquando da atribuição do nome desta rua. Não faltavam motivos para basear o nome de uma rua, contudo optou-se pelos "eucaliptos". Nunca escondi uma espécie de ódio que tenho pelos eucaliptos, já que estes têm representado um verdadeiro terrorista, que baseados numa fé pelo lucro rápido (caso não ardam...), têm desvirtuado também este território. A vegetação autóctone é arrasada, caso de carvalhos, azinheiras, medronheiros e afins, o solo vai à vida e surge o eucalipto, muitas vezes de forma ilegal. E mesmo quando denunciados, só se paga uma multa e os eucaliptos lá continuam. O eucalipto tem promovido um verdadeiro desordenamento do território e da floresta.
Claro que há espaço para o eucalipto, contudo, e tal como se costuma dizer, tudo o que é demais cheira mal. Urge voltar a plantar carvalhos, azinheiras, medronheiros e todo o tipo de vegetação autóctone. E depois começar a retirar dali rendimento. Sim, é possível, o problema é que o pessoal gosta de ganhar mais possível sem fazer nada e pensando apenas em si...

8.12.16

Fontes da memória


Já são poucas e menos ainda aquelas de onde ainda sai o precioso líquido, a bela da água. São belos exemplos que começam a escassear no espaço público e a proliferar no mercado negro, umas roubadas, outras vendidas a custo injusto.
São recordações de outros tempos, em alguns casos perpectuados pelas entidades públicas, casos das Juntas de Freguesia ou Câmaras Municipais. 
Esta fonte passa despercebida a muitos dos que ali passam, contudo é algo digno de se ver e de elogiar. Apesar de, derivado da sua localização, estar numa área segura, prefiro não divulgar publicamente, de forma a evitar vandalismo ou roubo.


É incrível como é que muitos de nós não dão valor a fontes como esta, ao mesmo tempo que alguns são capazes de dar umas dezenas de euros para as colocar no jardim, como enfeite, traço comum da nossa portugalidade. Há que preservar as várias fontes que ainda vamos vendo pela região de Sicó. Abordar o assunto aqui, no azinheiragate, é um mero contributo para isso mesmo. Mas como se costuma dizer, grão a grão...


4.12.16

Atenção que o desastre continua no Inverno...


Infelizmente não pude ajudar ao combate a este incêndio, o qual afectou, entre outros, as Degracias. Infelizmente é uma imagem recorrente na região, onde ano após ano determinadas áreas ficam como podem ver nas fotografias. Também recorrente é o que se vê na segunda fotografia, ou seja placas de caça ardidas rapidamente substituídas. Pena é que os caçadores se preocupem mais com a substituição das placas do que com a recuperação ambiental das áreas ardidas...


Este foi um grande incêndio, o qual calcorreou centenas de hectares do carso de Sicó. Este foi um incêndio que castigou fortemente uma área frágil e, diga-se, já fragilizada a vários níveis, condenando um modo de vida ancestral. Famílias que tinham o olival como sustento, viram tudo transformado em cinzas. As televisões, sedentas de chamas para encher os jornais das 13 ou das 20, faziam fila para filmar o desastre inicial. Contudo, agora que o desastre continua sem chamas, mas com erosão dos solos e dificuldades para toda uma população idosa, a coisa já não é interessante para explorar nos mesmos jornais. E de quem é a culpa? Nossa, pela inacção enquanto povo. Pouco ou nada se trabalha a montante, de forma a evitar grande parte deste cenário, e continua a seguir-se uma linha de despejar dinheiro na prevenção, a qual, diga-se, se resume a muito pouco. A prevenção activa que se fazia há coisa de uma década, é coisa do passado. As carrinhas então utilizadas na prevenção, fazem tudo menos prevenção. As motas, essas desapareceram do mapa.


Os últimos anos têm sido relativamente calmos para alguns dos municípios da região de Sicó, facto que trouxe consigo um relaxamento pouco desejável e, diga-se, contraproducente. No fim da linha estão os bombeiros, os quais são muitas vezes o bode expiatório para muita gente. A maior parte das vezes as críticas são injustas, facto que importa destacar. E poucos são os que têm conhecimento e moral para falar sobre esta temática.
Já agora, aproveitem para se fazer sócios da corporação de bombeiros do vosso concelho, pois é uma boa prenda que podem dar a vós próprios. Isso mesmo, vós próprios.


Nestes dias de frio, aproveitem para ir até estes locais fantasma, pois é a forma mais eficaz para reflectirem sobre este desastre e sobre as respectivas consequências. Lembrem-se que a vossa passividade e inacção contribuem para este cenário. E não, não é uma fatalidade, trata-se sim de um problema tremendamente complexo, com muitas variáveis, mas com solução, tendo a sua génese nas más políticas de ordenamento do território promovidas nas últimas décadas. As próximas décadas não serão melhores, contudo podemos e devemos reverter esta agonia crónica que nos condena e nos tortura a cada Verão que passa. Findado o Verão, tudo se esquece, pelo menos até ao próximo...


27.11.16

Onde pára o ordenamento florestal da Serra da Portela?


Muitos do que passam pela Serra da Portela, em Pousaflores, e vão ao miradouro situado ao lado do moinho de vento e do parque eólico da Serra da Portela, não se apercebem do problema que ali existe há vários anos, ou seja a falta de ordenamento florestal. Basta dar corda aos pés ou bicicleta para vermos que há ali algo de grave a ocorrer, ou seja a inobservância de algo fundamental como o é o ordenamento florestal. Em Agosto de 2006 houve um incêndio em parte do sector onde está implantado o pinhal, mas parece que o tempo apaga as memórias e o risco de incêndio é grande, tal como podem constatar nas fotografias.  


Em meados da década de 90, alguém teve a ideia parva de rechaçar  esta bela serra com uma máquina. Foi um verdadeiro atentado ambiental que hoje seria impensável (ou não...). Infelizmente não há volta a dar e temos de nos contentar com o que ali está actualmente. Mas infelizmente o actualmente não augura nada de bom, pois a "estratégia" é a pior de todas. Uma grande mancha de pinheiras, que devidamente geridas dariam uns bons tustos com o rendimento que advém da venda das pinhas (e uma enorme mais-valia para a feira do pinhão anual). Ao lado desta, na Serra do Casal Soeiro, da Serra do Mouro e da Serra da Ameixieira, o projecto falhado das 130 000 árvores, boa parte delas não deram em nada, típico de projectos de greenwash. Junte-se a isto o lóbi dos caçadores e temos todos os ingredientes para o desastre.


Convido-vos a todos a dar uma volta da Serra da Portela, de forma a verem pelos próprios olhos o barril de pólvora que ali está e que urge minimizar, através de uma correcta gestão da floresta. Podem deixar o carro no miradouro do Anjo da Guarda ou na Capela do Anjo da Guarda e dar uma volta pelo estradão que dá a volta à Serra da Portela pelo seu topo.


Esta situação deverá ser resolvida rapidamente por um conjunto de entidades, onde se inclui a Junta de Freguesia de Pousaflores, a Câmara Municipal de Ansião, pela Associação Florestal e pelo ICNF (Rede Natura 2000 - Sítio Sicó/Alvaiázere). Os incêndios existem por vários motivos, um deles é a falta de gestão florestal. E os incêndios previnem-se antes do Verão...


E claro, não podia faltar um aspecto típico, a lixeira do costume, infelizmente muito comum por Ansião e arredores... Das 250 lixeiras de detectei em 2010, no Limpar Portugal, a maior parte tinha também restos de construção...


23.11.16

Pensar global, comprar local


Por estes dias já há quem tenha começado a pensar no que comprar na próxima época festiva, portanto é a altura certa para "abrir as hostilidades". Nesta altura, tal como no resto do ano, urge comprar localmente os produtos ou artesanato. Sicó tem muito por onde escolher, seja a nível gastronómico seja artesanato ou afins, muito há de útil e de qualidade para comprar, ajudando assim a nossa região e a sua economia. A minha sugestão é precisamente essa, privilegiarem o comércio local e os produtos feitos na região. No que concerne ao artesanato, sugiro que comprem objectos úteis e não aqueles para encher prateleiras a ganhar pó. Há muita coisa que alia o artesanal ao prático e útil, portanto é procurar nas lojas e/ou mercados locais. No que concerne à gastronomia, aí a diversidade de produtos locais tem vindo a aumentar e a ter mais visibilidade, portanto é comprar e embrulhar, pois vão ver que vale a pena. Em vez de comprarem algo sem utilidade, made in China, por vezes feito com mão de obra quase escrava, comprem algo com utilidade, feito na região de Sicó e por sicoenses ou por quem cá trabalha. É assim que se dinamiza a economia. Ao comprarem localmente estão a dinamizar a economia de Sicó e a garantir postos de trabalho!

18.11.16

Voltei ao Alvorge e vi a água "límpida" do esgoto a sair para a linha de água...


Por falta de tempo, estive algumas semanas sem ir ao Alvorge, de forma a continuar a monitorização do esgoto (dreno) ilegal, mas na semana passada consegui finalmente lá ir. Na edição da primeira quinzena de Abril, da edição do Jornal Terras de Sicó, a provedora da Santa Casa da Misericórdia do Alvorge, a Srª Maria Luísa Ferreira, afirmava que, e passo a citar, "a água sai límpida para uma linha de água". O autarca Rui Rocha tinha a mesma postura, de negar o que estava e está à vista de todos, muito embora, e após a denúncia, afirmasse na imprensa que era um problema preocupante. O impacto mediático desta situação foi enorme, mas infelizmente, e até agora, de pouco valeu, já que, no essencial, tudo se mantém. Resta portanto continuar a dar visibilidade a esta situação e monitorizar a mesma, já que ao contrário do que a Srª provedora possa pensar, o caso não está fechado, está sim em aberto. E mais não digo... A ilegalidade é para acabar e o esgoto para ser tratado, a bem da saúde pública e da seriedade institucional.
Peço a todos que divulguem esta situação e partilhem nas redes sociais, já que, como eu bem sei, isso pode fazer toda a diferença na hora de resolver situações de todo o tipo. Esta situação é particularmente grave, daí a minha dedicação a este caso.
Finalizando, gostaria de pedir à Srª provedora Maria Luísa Ferreira que nos elucidasse sobre aquela matéria orgânica, pois concerteza ela saberá explicar o porquê do sucedido. Como boa gestora que é, de certeza nos poderá elucidar sobre os elementos poluentes ali presentes e o porquê da situação estar pior. Genericamente eu sei o que é, mas o público pode não saber...



14.11.16

Não plantem eucaliptos, plantem por exemplo medronheiros!



Há umas semanas, aquando de uma das minhas "saídas de campo", deram-me a conhecer algo de fantástico. Era algo que desconhecia, mesmo sabendo que já tinha passado ali bem perto, contudo era um cantinho desconhecido para mim. Infelizmente antes do fantástico havia algo desprezível, algo só possível porque um animal de um madeireiro decidiu que parte importante do medronhal teria de ir à vida só porque sua excelência tinha de ter um estradão para o seu veículo ir buscar uns pinheiros. Isso abriu um precedente e a área de medronheiros foi diminuindo, pois há quem tenha vindo a ir ali buscar madeira de medronho, abatendo mais uns quantos. Não sei quem foi, mas se soubesse a multa já estaria a caminho...
Deixando as tristezas de lado, eis então que se chega à bela formação de medronheiros, a qual vive num vale com um pequeno caminho pedonal no seu fundo plano. Estar ali e desfrutar daquele momento foi algo de muito especial, ainda mais vendo medronheiros já com uns anitos, coisa que vai rareando pela região de Sicó. Não vou divulgar o local, evitando assim os possíveis vândalos. A experiência já me ensinou que há locais que mais vale não divulgar, preservando-os assim mais uns anos.
E que tal plantarmos mais uns quantos medronheiros pela nossa região? Peçam ajuda, caso tenham um terreno adequado, e plantem uma catrafada deles. Promovam a biodiversidade e, passado poucos anos, começam a ter ali uma fonte de rendimento, através da venda de medronhos. A minha sugestão é mesmo acrescentar mais-valias aos medronhos, transformando-os para, por exemplo, fins culinários ou compotas. Sicó agradece!
Há que começar a reduzir rapidamente a área de eucaliptal e dar vida à paisagem de Sicó. Medronheiros, carvalhos, azinheiras, etc. Há que diminuir o risco de incêndio, pois esse é um aspecto menosprezado também na região de Sicó. Agora mãos à obra!



9.11.16

Ia para ver uma coisa parva, mas acabei por vez duas coisas parvas...


Infelizmente é um tipo de situação comum pela região de Sicó, mas mesmo assim continuo a ficar parvo com este tipo de situações. Portugal e a região de Sicó têm vários problemas que contribuem para a fragmentação de habitats e da paisagem, empobrecendo desta forma o património desta bela região.
É o caso desta primeira situação, onde se vê um recente muro de blocos de cimento a assinalar os limites de um terreno. Quero, posso e mando, é a típica mentalidade que leva a este tipo de situações. Para ajudar, os regulamentos camarários permitem este tipo de obras de mau gosto. Será que havia necessidade de tal mamarracho para marcar o limite de uma propriedade qualquer? Será que uns postes de madeira com uns arames não ficavam melhor enquadrados? E mesmo esta última hipótese, faz sequer falta? Mas afinal porque é que temos a mania de mandar construir muros desta forma? Absurdo... 


Já nesta segunda situação o caso é algo diferente. Em primeiro lugar há que saber se tem licença (nos próximos dias a fiscalização irá ao terreno), e, em caso afirmativo, há que saber qual é a lógica de construir ao lado de sobreiros centenários? Será que é para mais tarde ter legitimidade para mandar cortar os sobreiros alheios, dizendo que estorvam? Nas Cavadas, Ansião, alguém terá essa resposta.
E aqueles pinheiros pegados ao muro, porque é que secaram de forma repentina?
No final disto há uma conclusão a retirar deste tipo de situações, ou seja a necessidade de apostar seriamente na educação ambiental e cívica, solução de fundo para mitigar este tipo de situações. Há que mudar urgentemente as mentalidades. Gostamos muito de dizer bem daqueles países avançados, mas esquecemo-nos do que os faz países avançados...


5.11.16

Vamos lá esclarecer o "caso Calaias"


Nota: pequena amostra do cartaz da Corrida do Calaias

Há uns dias publicitei aqui uma prova solidária que dava pelo nome de "Corrida do Calaias". Sem ter ido, sei que foi uma prova interessante, seja pelo trajecto, cenário ou pelo facto de ter sido uma prova nocturna. Teve apenas uma falha, a qual dei conta nesse mesmo comentário, onde publicitei a prova. Nessa mesma altura, comentei que era um erro básico, em termos de marketing territorial, pegar no nome de um ermita para baptizar uma corrida que nada tem a ver com a memória deste ermita. Era uma corrida urbana que nada tinha a ver com esta personagem, que era um verdadeiro solitário e que fazia das cavidades (ex. buraco do Calaias) a sua casa. Por isso mesmo é que não faz sentido dar este nome a esta corrida. Fazia sim sentido dar outro nome que não envolvesse o Calaias.
Fui ver os conteúdos que encontrei, entre outros, nas redes sociais, e à parte do nome da corrida, não encontrei uma única alusão à figura do Calaias, bem como uma única fotografia de um dos locais por onde o Calaias andava, algo que seria de esperar, para não dizer obrigatório. Ao invés, surge apenas a Câmara Municipal e a ponte da Cal. Apenas depois de postar este comentário me enviaram o cartaz oficial, o qual curiosamente desconhecia, onde sim consta uma fotografia daquele que é conhecido como "buraco do Calaias" e um pequeno texto, o que mostra que nem tudo correu bem e que, aliás, mantém o essencial na mesma, pois a coisa continua a não colar... 
No mesmo dia da prova, e no facebook de uma pessoa conhecida, dei conta, no geral, desta questão. Logo surgiu um amigo meu, que, talvez desconhecendo a temática do marketing territorial, para argumentar, puxou pelo argumento de que o bacalhau vinha da Noruega e era um prato típico da região. Não se deve ter apercebido que isto nada tem a ver com o caso do Calaias, mas é sintomático da falta de conhecimento sobre a temática do marketing territorial, daí, também, eu agora estar a comentar esta questão. Nada como explicar os factos, pois a falar é que a gente se entende.
Logo depois surgiu uma personagem, a qual em vez de ler o que eu escrevi e tentar entender o que eu tinha escrito, reflectindo sobre os factos, fez logo birra, algo que só compreendo sabendo o historial que esta personagem tem e na postura tipo DDT (dono disto tudo). Já por três vezes denunciei publicamente esta personagem, por estar ligada a más práticas na organização de provas desportivas, algo que, neste caso específico, não se coloca, pelo menos no que tenho conhecimento.
A sua argumentação era a de que se houve muitas pessoas, então o nome da prova está certo. A teoria é que não há erro algum na questão de ligar o nome do Calaias a uma corrida urbana.
O facto é que seja qual fosse o nome da prova, esta teria sucesso, seja por ser uma prova solidária, seja por o trail urbano estar na moda ou seja pelo simples facto de que não há propriamente competição na organização de provas deste género, pois simplesmente o mercado de provas tem ainda muito para evoluir e até haver uma saturação ainda falta muito. Dizer que esta prova teve sucesso pelo simples facto de se denominar corrida do Calaias, é sinal de uma péssima análise crítica, já para não falar de um narcisismo bem notório.
Fazendo uma análise objectiva, é notório que a figura do Calaias nada tem a ver com uma corrida urbana, por mais meritória que ela seja. Ao promover uma corrida do Calaias, o expectável seria ter um trail que tivesse um trajecto em redor de, por exemplo, duas das cavidades mais conhecidas do Calaias. Seria igualmente de esperar ter uma resenha histórica da figura do Calaias neste mesmo trail. Chama-se a isto um bom marketing territorial e uma boa estratégia turística. É isto mesmo que se vê noutras provas, que honram as figuras que dão nome à prova. Mas "em Ansião" o populismo e o narcisismo dizem que não é assim, contrariando tudo e todos, numa péssima estratégia, onde a desinformação é quem mais ordena, onde a crítica devidamente justificada é vista como que uma afronta, num claro sinal de provincianismo, no pior dos sentidos. Em vez de se querer aprender, recusa-se o conhecimento e a reflexão sobre um tema concreto. Quando não se sabe, desvirtua-se a componente patrimonial e histórica de um território e é pena que assim seja.
No final disto tudo, fiquei com vontade de organizar uma verdadeira corrida do Calaias, honrando a sua memória e, com isso, fazendo marketing territorial e também turístico.
Já agora, quantos de vós sabem quem foi o Calaias? 

27.10.16

Quis saber quem sou, o que faço aqui, quem me abandonou?


Já lá vão uns meses desde que abordei pela última vez a questão das pedreiras na região de Sicó, pela mão da crónica "viagem ao centro da serra". Desta vez abordo a coisa de uma outra perspectiva...
Apesar de actualmente a legislação afecta à exploração de pedra ser outra, o certo é que essa mesma legislação de pouco serve para as muitas pedreiras que populam a região de Sicó, nomeadamente aquelas que não laboram e estão abandonadas. Os planos de recuperação ambiental são uma miragem para estas pedreiras e parece não haver luz ao fundo do túnel.


São demasiadas cicatrizes na extraordinária paisagem cultural da região de Sicó e, na prática, nada se tem feito para ajudar a uma boa e eficaz cicatrização. Falta a vontade, pois isto afinal não dá votos e o pessoal parece que se conforma com isto, comportamento natural num país com muito por evoluir. E nos últimos anos a genial solução foi mesmo a de... legalizar pedreiras ilegais, um mimo da governação autárquica.
Recentemente debrucei-me sobre esta questão em termos práticos, de forma a apresentar ideias para ajudar a reverter este enorme passivo ambiental. A ver vamos no que vai dar...


Idealizar a crónica "viagem ao centro da serra", e os seus vários episódios, foi algo de curioso (ainda não acabou...), pois fez-me ver as coisas de uma outra forma. Indo a todas estas pedreiras com um intuito específico transforma a nossa forma de pensar. E isto independentemente de pensarmos que sabemos muito, de já lá termos ido ou já termos visto outras pedreiras. Chegou também a outras regiões, onde o mesmo problema se coloca, algo que dá ainda mais ânimo a esta luta por uma paisagem cársica extraordinária.



22.10.16

Tuk tuk, está aí alguém?


Fonte: Jornal Terras de Sicó

Fiquei surpreso ao saber desta notícia, através do Jornal Terras de Sicó, pois não estava nada à espera de algo do género na região de Sicó. Durante uns dias ponderei sobre o significado desta notícia e confesso que não gostei. O motivo é muito simples, sou contra projectos do tipo "chapa 5", os quais não têm em conta a especificidade dos locais, desvirtuando-os. Isto além de não serem nada inovadores, pois os tuk tuk de português nada têm e além disso qualquer vila ou cidade consegue ter um par deles. Acho graça aos tuk tuks nos seus "habitats" e o seu "habitat" é a... Ásia, não Condeixa ou região de Sicó. Em Lisboa os tuk tuk já são um problema e, diga-se, não acrescentam nada de bom ao turismo, pois acima de tudo descaracterizam os locais para onde são importados.
Será que não conseguimos inovar e criar algo inspirado no local e às suas especificidades? Será que não conseguimos pegar no que já temos e adaptar aos novos tempos, conjugando o antigo com as necessidades actuais? Existem vária possibilidades, sendo que se deveriam priveligiar as mais sustentáveis e adequadas aquela realidade. Fosse algo ligado às carroças ou charretes, ao universo das bicicletas ou algo ligado a um transporte eléctrico ou a energia solar, muito há por onde pegar, bastando inovar. Porque não ponderar um concurso de ideias? Mesmo assim nem me parece que seja necessário um concurso de ideias, pois basta aplicar o que já existe e o que é local/regional. Parece-me que em Condeixa se perdeu uma boa oportunidade para inovar, em vez de ter algo que qualquer vila ou cidade tem, vulgarizando a coisa e, mesmo tendo em conta que no início a novidade puxa, mais tarde a tendência é a coisa banalizar e perder interesse.

18.10.16

Qual Halloween qual carapuça? Venha a Noite das Criaturas das Trevas! E já agora, uma importante lição de património e identidade...

É sempre com enorme orgulho que faço questão em divulgar eventos de excepcional importância na região de Sicó. Em primeiro lugar, algo que apaga do mapa o nada português Halloween, ou seja a Noite das Criaturas das Trevas, um evento inovador e genial, com enorme potencial pedagógico. Aproveitem para desfrutar de algo diferente e muito, mas mesmo muito engraçado. A organização é do Grupo Protecção Sicó, uma ONGA que centra a sua acção na região de Sicó. Onde é? Na Arrifana, Condeixa, mais precisamente na Escola da Água, mesmo à beira do IC2, portanto fácil de dar conta.


Segue-se uma conferência sobre um tema particularmente interessante, o património e a identidade. A organização é da Al-Baiaz, Associação de Defesa do Património. Esta associação, da qual tenho honra fazer parte, tem um histórico notável no que concerne à protecção e divulgação do património de parte importante da região de Sicó, algo que me orgulha de sobremaneira enquanto pedagogo do património. Este evento irá realizar-se dia 12 de Novembro, sábado, na Biblioteca Municipal de Alvaiázere, portanto um dia que podem e devem aproveitar para ouvir alguém que muito sabe daquela temática. Quem é de fora pode aproveitar para tirar o dia e desfrutar ao máximo, assistindo à conferência, almoçando por Alvaiázere e visitando o seu património. Já agora, degustem o chícharo, pois é a melhor altura. Se tiverem dúvidas digam, que posso dar sugestões.

14.10.16

Ronda pelos Orçamentos Participativos: Penela e Condeixa


Tal como prometido, continuo a ronda pelos orçamentos participativos da região de Sicó. Segue-se Penela, com uma verba de 70000 euros destinados ao Orçamento Participativo (OP). Tal como eu esperava, foram poucas as propostas e, mais uma vez, não se liga muito aos reais objectivos de um orçamento participativo. Não me parece razoável que sejam as autarquias ou juntas de freguesia a imiscuir-se nos orçamentos participativos. Devem ser os cidadãos a apresentar propostas em vez das autarquias ou juntas o fazerem. Preocupa-me que desde já se assuma que um orçamento participativo seja encarado por estas entidades como mais uma forma de ir buscar verbas para fazer o que deve ser feito fora do contexto de um orçamento participativo.
São 4 as propostas actualmente em votação. A primeira até compreendo, embora tenha algumas reservas. Mesmo assim parece-me que num primeiro OP não é de todo descabido candidatar a compra de fardamento para o Grupo do Choral Polyphonico.
Prosseguindo para o segundo projecto, será que a cobertura do centro escolar é algo que se deva enquadrar num OP? Evidentemente que não, diria até que à luz do OP é absolutamente ridículo.
Relativamente ao terceiro projecto, será que a requalificação do largo da capela da Chaínça é igualmente algo que se enquadre no OP? Claramente que a Câmara Municipal de Penela confunde o âmbito e objectivos do OP. Aliás, nem sequer me parece razoável que sejam as autarquias a propor ideias para os OP´s.
E há ainda um quarto projecto, promovido pela... Câmara Municipal de Penela. É quase que um projecto com telhados de vidro. Não me parece que o OP tenha o intuito de pagar um telhado a uma associação que promove provas motorizadas.
No que concerne a Penela, julgo que, até agora, foi onde as coisas correram pior em termos de OP na região de Sicó. Quando um OP se desvirtua de tal forma, pouco mais há a dizer... Esperava muito mais dos lados de Penela, que até tem feito algumas coisas interessantes nos últimos anos.


Segue-se Condeixa, com o seu Orçamento Participativo. À semelhança de Alvaiázere, teve a modalidade do OP para jovens, algo que é de salutar. Tendo em conta o efectivo populacional de Condeixa, não compreendo como é que foram apresentadas apenas 6 propostas, estando 5 em votação.
Apesar de se saber que o nível de participação pública é muito baixo em Portugal e na região de Sicó, fica à vista que faltou uma estratégia que levasse os cidadãos a participar neste OP e a apresentar propostas.
Começando pelo projecto "Banco do Livro", é interessante, contudo considero que se sobrepõe de alguma forma aos bancos de livros existentes nas escolas. Já o segundo projecto, o "Parque infantil da Praça do Município", vejo-o com interesse e tendo em conta que é um cidadão (não conheço) e não uma entidade pública a propor, considero isso positivo. Relativamente ao terceiro projecto, o "Condeixa activa", parece-me interessante, restando apenas saber porque é que os antigos equipamento não estão actualizados. Contudo, e na génese, é, genericamente um bom projecto. O mesmo se pode dizer do projecto "Quinta do Barroso Activa". Esta é a génese dos OP e importa salientar isso mesmo. É, talvez, o melhor projecto. Quanto ao OP jovem, trata-se de um projecto que, à parte do OP carece de atenção por parte da respectiva Junta de Freguesia e Câmara Municipal.
Este OP foi o que teve a maior verba atribuída de todos os até agora referenciados (Ansião; Alvaiázere; Pombal), com uns muito interessantes 174000 euros (OPG+OPJ).
Finalizando o comentário, e juntando as duas realidades abordadas agora, confesso que fiquei desiludido, na medida em que era precisamente de Penela e Condeixa que esperaria mais no domínio dos Orçamentos Participativos. Há que reflectir do porquê das coisas, a bem de Sicó e a bem dos próximos orçamentos participativos nesta bela região.

10.10.16

Agenda cultural, e não só, de Sicó: algumas sugestões para as próximas semanas...

Começo por voltar a insistir na importância que é a região de Sicó ter uma agenda cultural, coisa que até agora não existe. Uma agenda cultural é algo de muito atractivo, seja para os naturais da região, seja para quem nos visita ou pretende visitar. Na minha opinião até poderia ser a Terras de Sicó a promover tal iniciativa, contudo a Terras de Sicó é o que é e não mostra sinais de o vir a ser, ou seja uma verdadeira associação de desenvolvimento local, ao invés de uma extensão política das autarquias da região.
Mas vamos a algumas ideias de iniciativas em que todos podem participar activamente. Lembro que caso assim o entendam, podem enviar informação relativa a eventos na região de Sicó, de forma a eu ver a possibilidade de dar mais visibilidade ao evento respectivo. Importa clarificar que só publicito informação que não sofra daquela doença que tanto aflige a língua portuguesa e que dá pelo nome de "acordo" ortográfico.
Começo por uma sugestão supra-regional, ou seja uma iniciativa nacional, de reflorestação. A região de Sicó anda meio esquecida, pois o pessoal e as entidades públicas têm dado mais importância à plantação de eucaliptos do que à reflorestação com espécies autóctones. Lembro que um eucaliptal não é floresta, mas sim monocultura. Carvalhos, azinheiras, medronheiros e outros mais, é isso que Sicó precisa! Brevemente irei dar mais um contributo nesta questão, esperando eu que sejam medronheiros.


Segue-se a Mostra Gastronómica de Ansião, com o "Sabores de Ansião", onde podem aproveitar para degustar o que de melhor Ansião e a região de Sicó têm para alegrar os estômago e, diga-se, a vista, pois os olhos também comem. É um festival que tem crescido e melhorado, esperando eu que melhore a cada ano, pois há arestas a limar. A componente cultural, nomeadamente os ranchos têm abrilhantado este festival, mas não só.


Sim, um passeio de bicicleta, em Alvaiázere. O trajecto até é engraçado e a paisagem vale mesmo a pena, portanto toca a pedalar e a conviver com o pessoal, seja ele conhecido ou não.


É uma prova desportiva solidária, juntando o útil ao agradável. Irá ajudar os Bombeiros Voluntários de Ansião, pois o valor das inscrições irá reverter para esta Associação de grande mérito.
Um pequeno apontamento, que faço questão de salientar, é o erro que é baptizar uma corrida urbana com o nome do Calaias, um ermita que não se dava nada bem com os núcleos urbanos. Em termos de marketing territorial é um erro crasso, portanto sugiro que no próximo ano seja dado outro nome a esta prova e façam uma que honre a memória do Calaias.


Sim, é isso mesmo, concertinas. Há que saber apreciar uma arte e apoiar uma arte que, quando tem intérpretes com um bom kit de unhas, faz maravilhas. Ali pelos lados de Grocinas, portanto fácil de encontrar.
Agora um bocado de humor, quando não há kit de unhas, a coisa pode custar um bocado a ouvir...


É um tema particularmente interessante, para miúdos e graúdos. Fica a sugestão de algo que vale mesmo a pena, uma visita e uma reflexão sobre as maravilhosas aves migratórias.

5.10.16

Os orçamentos participativos de Alvaiázere e Pombal: breves notas...

Depois de há poucas semanas ter referido o orçamento participativo de Ansião, no qual participei, eis que refiro mais alguns orçamentos participativos da região de Sicó. É importante fazer uma espécie de balanço e análise crítica sobre os orçamentos participativos, de forma a apontar o que esteve mal e pode ser melhorado e também para motivar os cidadãos para este tipo de iniciativas.
Passo então ao orçamento participativo de Alvaiázere, o qual teve duas modalidades, o orçamento participativo para menores de 18 anos e outro para maiores de 18 anos. Parece-me positivo incluir também os jovens, pois é uma das formas de os educar e integrar na cidadania activa, facto que tem inevitavelmente impactos muito positivos nos jovens que participam. 
Estes apresentaram 3 propostas. A primeira é interessante, contudo trata-se basicamente de um fim-de-semana radical, algo que já se fez por aqueles lados, por iniciativa da Câmara Municipal de Alvaiázere. Julgo que será uma prova da necessidade de este evento regressar a Alvaiázere, pois em tempos tinha muito sucesso.
Segue-se um skate park, algo que curiosamente já deveria estar feito, tal como mini-campos de basquetebol, à frente do edifício do mercado municipal. Um projecto deste tipo já existiu em tempos, resta saber qual a justificação do anterior autarca para a não concretização do projecto inicial.
O terceiro projecto seria um pequeno parque de merendas, algo de interessante, embora não nos moldes que foi apresentado.



No que se refere às propostas dos maiores, curiosamente foram 8, igual número ao de Ansião. Relativamente ao primeiro projecto apresentado, o "Alva Chefe", acaba por ser interessante, contudo vejo-o como algo que de certa forma "colide" com o que já existe ao nível do pólo de Alvaiázere da Escola Tecnológica de Sicó, no que concerne a esta mesma temática. Não me parece se seja algo que se  enquadre na filosofia do orçamento participativo.
O segundo projecto é relacionado com património edificado, mais precisamente com as ruínas de uma antiga igreja, em Almoster. A preservação da memória e dos traços identitários é sempre algo a aplaudir. O terceiro projecto, ligado à sociedade do conhecimento e aos professores, vejo-o de uma forma abstracta e não me parece que o orçamento participativo seja o melhor lugar para o enquadrar. O quarto projecto, não tem a informação disponível, portanto não o irei comentar. Já o 5º projecto, considero-o muito bom, pois trata de recuperar um troço da estrada romana, em Almoster. É possivelmente o melhor projecto e ideia aqui apresentada. Já a 6º proposta não me parece que seja a mais indicada para apresentar no orçamento participativo, já que a resolução de problemas relacionados com a via pública está, para mim, fora do âmbito dos orçamentos participativos, que têm uma filosofia muito própria. O mesmo se passa para a sétima proposta.
A última proposta, essa prefiro não comentar, já que, sabendo que o orçamento participativo tem um limite de 50 000 euros de verba, não faz sentido aceitar uma proposta que tem um orçamento de 90 000 euros. As regras são simples e foram bem explicadas por parte da Câmara Municipal de Alvaiázere.



Relativamente a Pombal, este tem um orçamento previsto de 100 000 euros, portanto o dobro de Ansião e Alvaiázere, o que é normal tendo em conta a sua extensão territorial. Hoje é o dia anunciado para a publicação dos resultados das votações. 
Já vi alguns comentários sobre as propostas, seja por amigos, conhecidos ou mesmo na blogosfera. A participação foi muito reduzida, algo que lamento.
Sobre o primeiro projecto, e mais uma vez, julgo que não se enquadra na filosofia dos orçamentos participativos e julgo que é apenas uma forma criativa de tentar fazer as coisas de uma outra forma. Quem está por dentro destas questões julgo que saberá o que pretendo dizer...
O segundo projecto segue a mesma linha, portanto não vou comentar. O mesmo para o terceiro projecto, o "Mente activa". Mais uma vez julgo que muitas pessoas não compreenderam a filosofia dos orçamentos participativos. Por mais mérito e interesse que tenham, estes projectos devem ser inseridos nos planos já possíveis para a inclusão dos mesmos e não ir a outros canais para conseguir verba para os mesmos. Já o projecto do vitral, parece-me interessante, mas para quê 100 000 euros para tal vitral? Porque é que não entra a Fábrica da Igreja Paroquial da Guia com parte da verba? Sobre o projecto das bolsas de estudo, e mais uma vez, não é esta a filosofia dos orçamentos participativos. Sobre a antiga escola da Cartaria, e não conhecendo o espaço, parece-me aceitável tal ideia, já que se enquadra minimamente. Relativamente à estação meteorológica para o Osso da Baleia, e sendo eu geógrafo, julgo muito pertinente a ideia, embora em moldes não exactamente iguais, pois por menos consegue-se o mesmo. Sobre o cinema ao ar livre, ideia muito interessante. Sobre o circuito de manutenção de Santiago de Litém, é uma ideia interessante, embora não faça sentido a questão do desfibrilhador. Sobre o projecto do tanque, e tendo eu constatado que esta ideia faz parte da anterior, sendo um seguimento pouco encapotado da mesma, prefiro não comentar.
Sobre o projecto 8, julgo que o mesmo não se enquadra na filosofia dos orçamentos participativos. O orçamento participativo não pode funcionar como uma espécie de "bóia" de salvação de entidades públicas ou privadas. Compreendo a necessidade referida no projecto, no entanto não cabe ao OP andar a "tapar buracos". Sobre o circuito de manutenção física, é interessante, contudo gostaria de saber quem é que apresentou a proposta, pois vejo neste OP demasiadas ideias impulsionadas por entidades e não por cidadãos. O mesmo para a ideia do "ginásio sénior". Para bom entendedor...
Já a ideia das "bicicletas na freguesia" é muito interessante, muito mesmo. Sobre o parque infantil de Albergaria dos Doze, sublinho mais uma vez que os orçamentos participativos não têm a lógica de servir para "tapar buracos", mas sim de dar seguimento a ideias da sociedade civil.
Já o projecto P.A.R.A. Pombal, relacionado com o Autismo, julgo que é de realçar, dada a sua importância actual e, infelizmente, futura. Será de longe um dos melhores projectos apresentados neste OP. Sobre o Tuna, Dança, Teatro, da Universidade Sénior, julgo um projecto interessante no global, caso a linha de acção não seja desvirtuada. Pugnar por uma terceira idade activa é pugnar por um futuro mais inclusivo e, diga-se, inteligente, já que há muito conhecimento a perder-se por aqueles velhotes que muitas vezes não têm por onde verter a sua sabedoria.
Parque de arborismo? Porque não? Interessante esta inovadora proposta. Sobre o projecto para a Serra de Sicó, é interessante, contudo irrealista, já que o valor apresentado é muito inferior ao que se gastaria em tudo o que foi proposto. No geral a ideia é boa, contudo falta alguma estruturação e realismo. Seria também importante sabermos de toda aquela área qual é pública (baldios) e privada, retirando daí as normais ilações. Não me quero aqui aprofundar muito, já que é tema para muitas linhas... Relativamente à última proposta, e mais uma vez, confunde-se a filosofia do OP.

Findadas as considerações sobre os orçamentos participativos de Alvaiázere, seguir-se-ão, ainda este mês, Penela e Condeixa. Contudo, e desde já, é de lamentar a muito baixa participação dos cidadãos e das cidadãs da região de Sicó. Muitos falam muito, mas fazer, isso já dá trabalho... 

27.9.16

Reabilitar um edifício histórico e dar-lhe alma, é isto que Sicó necessita!


 

A reabilitação urbana é um dos temas que, de forma regular, costumo abordar aqui no azinheiragate. A gastronomia é um tema igualmente abordado, contudo hoje venho associar dois temas num só. O ponto de partida é a reabilitação urbana, mais precisamente um exemplo do que de bom se pode fazer na região de Sicó. Segue-se a associação ao primeiro tema, incluindo eu agora uma primeira achega a uma rubrica que vou denominar simplesmente como roteiro gastronómico da região de Sicó, onde irei destacar o que de melhor temos nesta região, ou seja restaurantes, tascas ou afins, que se afigurem como embaixadores da região de Sicó. São espaços que irei recomendar a quem nos visita, pois os visitantes merecem o que de melhor a região tem para oferecer.
Esta rubrica já estava idealizada, contudo sem data para iniciar. Este último fim-de-semana tive a sorte de me convidarem para um almoço de gente amiga e o convite foi mesmo no espaço que podem encontrar no edifício das fotografias.
Mas em primeiro lugar, o edifício em causa, situado na Vila de Ansião, é um local histórico, o qual foi recuperado há poucos meses, com a ajuda de fundos comunitários. Além da recuperação, que manteve a traça original, o edifício ganhou um restaurante e bar que, diga-se, me surpreendeu muito positivamente. Quem esteve comigo ficou igualmente surpreendido, independentemente de ser ou não de Ansião, pois as opiniões foram unânimes.
A componente da reabilitação exterior já a tinha observado, contudo nunca tinha tido a oportunidade de entrar naquele espaço, facto agora consumado.
Fiquei apenas desiludido com o facto de, sendo este um edifício com história e intimamente ligado à temática patrimonial, no seu interior se utilizem textos de acordo com o (des)acordo ortográfico, algo que mexe bastante comigo, e com a maioria dos portugueses, dado o valor identitário da língua portuguesa e a perversão cultural que "acordo" ortográfico representa.
Prosseguindo, gostei bastante do interior do espaço e do respeito pela traça do edifício. Tem algumas fotografias e textos que mostram e descrevem estes aspectos e que são uma curiosidade que importa referir. A disposição do espaço é bastante apelativa e digna de um espaço histórico. A ementa é representativa do que de melhor a gastronomia de Sicó tem e os preços são ajustados. Gostei de sobremaneira da alusão ao património da região de Sicó, com as referências, no primeiro andar, a Penela, Pombal, Condeixa, Soure, Alvaiázere, Ansião. Este espaço dignifica a região de Sicó e o seu património.
Resumindo, este é um dos espaços que irei recomendar vivamente a quem visita a região de Sicó e mais especificamente Ansião.