12.12.15

Solo - A pele da Terra


O título deste comentário é claro e conciso. Retirei-o de uma brochura do Ano Internacional do Planeta Terra (2007-2009), dedicada especificamente aos solos. Este ano, 2015, é o Ano Internacional dos Solos, possivelmente é um facto que passa ao lado da maioria de vós.
Não é um tema fácil de se falar, especialmente tendo em conta o pouco interesse que a sociedade tem demonstrado por ele, no entanto é um tema crucial para todos nós, daí a necessidade premente de dar atenção aos nossos solos. Informar e informar, deve ser essa a nossa missão. Pessoas informadas representam afinal cidadãos melhor preparados para exercer a cidadania plena. Pessoas informadas podem perceber quando são feitas boas e más leis, quando se deve ou não deve ocupar um determinado território. Já repararam que muitas vezes estamos a ocupar áreas de excelente aptidão agrícola? Especialmente na região de Sicó, onde as áreas planas são muitas vezes as melhores para a agricultura, mas ao mesmo tempo as mais apetecidas para a construção. Isto representa um grave problema, pois o solo é um recurso finito e não renovável à escala de dezenas de gerações... Este é um dos nossos problemas, como muitas vezes não entendemos os factos a uma escala maior do que 20, 30 ou 40 anos, acabamos por fazer asneira da grossa, criando problemas a nós e às próximas gerações.
Nada como nos informarmos, seja através das entidades relacionadas com este recurso, o solo, seja através de toda uma panóplia de informações disponíveis em vários canais, nomeadamente a internet. Importa também referir as bibliotecas, isso mesmo, pois é aqui que se encontram as verdadeiras bíblias do conhecimento, livros que valem mesmo a pena umas valentes horas de leitura.
Em Portugal há muito por fazer no que concerne ao estudo e à divulgação desta temática. Durante  o doutoramento tive a oportunidade de investigar esta questão, ficando a perceber o enorme desinvestimento que o país tem feito neste domínio, o que em termos de gestão territorial é desastroso a todos os níveis. Vários levantamentos não uniformes entre si, classificações impossíveis de reclassificar em termos internacionais (o que impossibilita comparações) e, no final, um cenário muito preocupante no curto e médio prazo. Todos têm a perder, economia, sociedade e cultura.
Há umas semanas recebi uma mensagem de uma pessoa que até então desconhecia o azinheiragate, algo que, por si só, não tem nada de extraordinário. No entanto houve algo que, para mim, foi extraordinário, ou seja o facto de essa pessoa, através deste blogue, ter ficado a saber da existência do Ano Internacional dos Solos, tal como esta o referiu explicitamente. Pode parecer pouco, mas são pequenos factos como este que dão ânimo a quem tenta informar e divulgar também esta temática. Não é por acaso que tenho essa referência na lateral do blogue.
E para quem pensa que o solo é um elemento supérfluo, chato e dispensável, pergunto-lhe apenas, será que consegue viver sem a sua pele?

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