20.12.10

O que é que eles me queriam fazer? Intimidar?!

As ameaças já são um infeliz hábito para aqueles, como eu, que além de não se venderem, protegem de forma honesta construtiva e legal o património da região de Sicó. São factos com os quais já estou perfeitamente habituado a lidar, portanto tenho os meus cuidados, as minhas defesas e a minha intuição quando, por exemplo, vou à Serra de Alvaiázere monitorizar o processo do parque eólico. É algo que já faço muito antes daquele parque eólico ter sido começado e é algo que irei continuar a fazer, já que daqui a dois ou três anos irei reavaliar o património geomorfológico que ali estudei entre 2005 e 2008 (tendo no entanto continuado a investigação tendo em vista a monitorização durante alguns anos, algo que causa uma enorme azia a determinadas pessoas...).
Neste último fim de semana voltei novamente à Serra e passou-se um episódio que já se começa a parecer com episódios semelhantes aqueles que se passam em países como o Brasil, onde quem defende a Amazónia contra a extracção e comércio ilegal de madeira é alvo de ameaças, que por vezes terminam com episódios de agressão ou pior....
Como sei que aquele território é um território que alguns tornam perigoso para mim tenho uma estratégia própria quando lá vou, obviamente não a vou divulgar. Vou "somente" descrever o que se passou nesta última vez, algo que mostra que muito vai mal por aqueles lados....
Cheguei ao topo da Serra e o que me pareceu o vigia do parque eólico (já o vi muitas vezes) estava à entrada da estrada de acesso do respectivo parque eólico, tendo eu passado por ele.
Chegado ao largo do posto de vigia, mesmo ao lado do vértice geodésico (618m) estacionei. Fui tirar as necessárias fotos para documentar o trabalho de investigação que desenvolvo naquela área, tudo dentro da legalidade, da honestidade e da ética que deve guiar qualquer investigador. Quando estava prestes a chegar ao topo da Serra, 20 minutos depois de ter lá chegado, notei que o vigia deslocou-se, na sua viatura, até ao largo onde eu tinha estacionado o meu veículo, algo que me intrigou bastante. O indivíduo não notou que passou a escassos metros de mim.
Chegado ao meu veículo, coloquei-o em andamento e comecei a descer a Serra, tendo notado que o vigia já não estava no seu local normal de vigia, tendo o mesmo colocado uma pequena protecção a sinalizar o fecho da estrada do parque eólico (quando por lá passei estava aberta).
Não vi mais este vigia, não sabendo para onde foi e nem sequer quero tirar ilações. Já a descer a serra, parei num miradouro, já que andava por ali um praticante de parapente e eu como adoro ver fui tirar umas belas fotografias. Tinham-se passado 5 minutos desde que eu tinha saído do largo no topo da Serra.
Apenas 3 minutos depois vejo um jipe a subir a Serra, o qual ao chegar ao miradouro, onde eu estava, abrandou, tendo os 4 ocupantes olhado para mim fixamente. Um deles era um indivíduo de grande porte e barba por fazer (eu por vezes também a tenho por fazer).
Passados por mim, e depois de olharem intensamente para mim, seguiram até ao topo da Serra, onde foram apenas virar, já que 5 minutos depois já estavam de volta, tendo passado por mim (eu já estava mais a baixo a tirar mais fotos).
O jipe era um Land Rover verde, de primeira geração.
Depois deste episódio fiquei a pensar, será que sou tão importante para merecer uma visita de cortesia de 4 pessoas? Será que queriam falar comigo? Porque olharam tão incessantemente para mim? Assustaram-se com o que eu tinha vestido? Terá sido uma mera coincidência este encadeamento de acontecimentos desde que cheguei ao topo da Serra naquele dia? Será que sou eu a ver coisas?
Não vou comentar, vou sim deixar essa tarefa para aqueles que conhecem a situação....
Para finalizar, soube hoje algo que pessoalmente me satisfaz, algo que mostra que o país apesar de estar na situação actual, onde quase tudo é permitido e de forma desordenada (mesmo que ilegal), um facto que mostra que vale a pena "lutar" pelo património da região de Sicó. O parque eólico de Ariques foi CHUMBADO!!!!! É este acreditar, mesmo que parcial, que me move, nem tudo está perdido... Viva o património natural e cultural da região de Sicó!

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