12.5.10

FarmSicó

Concerteza alguns de vós devem estar a pensar sobre este título, se eu não quereria dizer farmville. A escolha do título não foi inocente, já que o tema tem a ver com o farmville, mas não da forma como poderiam pensar...
Já devia ter feito este mesmo comentário há 3 semanas, mas o facto de a minha estimada máquina fotográfica ter decidido reformar-se, contribuiu para este atraso, já que não tinha forma de tirar uma foto especificamente a pensar neste comentário.
Decidi avançar com este comentário depois de ter lido uma reportagem no Jornal de Leiria, sobre o vício que muitos jovens têm sobre um jogo chamado farmville. Uma semana depois vi também um debate na RTP1 sobre o estado da agricultura portuguesa. Estava aberto o caminho para eu escrever algo diferente, mas útil.
É uma preocupação minha, ver que muitos dos jovens da região de Sicó perdem horas e horas com o mundo virtual, afastando-se perigosamente do mundo real, um mundo do qual todos dependemos... Choca-me de alguma forma ver que há jovens que no mundo virtual sabem plantar uma alface (com um clique no rato, imagine-se...) mas que no mundo real não sabem sequer reconhecer alguns produtos hortículas.
A crise que Portugal atravessa tem muitos aspectos negativos, mas uma coisa é certa, está a fazer com que muitas pessoas voltem a cultivar as terras, educando toda uma sociedade e mostrando que não é prudente pensar que basta ir à loja para comprar tudo o que necessitamos.
Lanço agora um desafio a todos os jovens (e menos jovens) da região de Sicó, arranjem um terreno, nem que peçam a quem tem um terreno e que não o amanha, e peguem numa enchada!
Todos nós temos essa possibilidade, pois numa região como a de Sicó é fácil arranjar um cantinho para fazer uma hortazinha!
Em 2009 fiz isso mesmo, pedi um favor e arranjei um cantinho para uma horta, mesmo sem nunca ter feito algo semelhante. A experiência correu muito bem e não gastei quase nada, mesmo em água, a maior parte dela foi água da chuva armazenada em canecos. Confesso que é uma sensação feliz, plantarmos algo e depois colhermos (já tinha ajudado na agricultura mas nunca tinha feito algo eu próprio). A Natureza tem destas maravilhas e é pena que não as aproveitemos.
Este ano fiz o mesmo, o resultado está na foto e daqui a mais uns dias já vou comer e bela da alface!
Esta "pequena" atitude além de importante, ajuda em termos económicos, já que se gasta pouco e se ganha muito, não sendo necessário ir comprar as coisas ao supermercado. Espero que os jovens ganhem consciência da importância deste gesto, criar uma horta.
Será, por fim, importante garantirem que as sementes são tradicionais, já que podem correr o risco de comprar variedades não tradicionais, algo que muitas vezes é prejudicial para os ecossistemas. Para isso podem tentar contactar uma associação que prima pela defesa das sementes tradicionais, a Associação Colher para Semear (há meses atrás destaquei pela positiva esta associação, basta retroceder uns meses nos arquivos que conseguem encontrar).
O desafio está lançado, vamos criar mais hortas na região de Sicó!

1 comentário:

doce disse...

Olá! Também acho que cada vez mais temos de nos virar para a terra e cultivar os nossos alimentos. No blogue http://pirra.blogs.sapo.pt, encontrei uma lista de algumas notícias sobre hortas urbanas. E são cada vez mais. Eu própria tenho uma horta. Agora, adquiri um compostor, e estou a aproveitar tudo o que sejam restos vegetais, para depois poder fertilizar sem o auxilio de químicos.

«Lisboa vai ter mais e melhores hortas urbanas até 2001», Público de 25.05.2009»
«Hortas urbanas em Coimbra são cultivadas por mais de 20 agricultores», Público de 25.01.2009.
«Câmara Municipal do Funchal suspende inscrições para hortas urbanas. Lista de espera extensa (305 candidaturas) está na base desta decisão». NetMadeira, 05.11.2009.
«Hortas urbanas.
As hortas urbanas tornaram-se numa moda. Como todas as modas, também esta não se justifica em pleno pelo conservadorismo de hábitos. Mas, se todas as modas fossem como esta, seríamos certamente cidadãos mais felizes. (…)» Diário Região Sul, 12.05.2009.
«Projecto Rede de Hortas Urbanas.
As hortas urbanas que persistem no Seixal constituem uma parte importante do património ambiental e histórico do Concelho. Atenta a esse facto e ao papel desempenhado pelas hortas na reconversão de espaços desocupados ou degradados, a Câmara Municipal está a trabalhar na criação de uma Rede de Hortas Urbanas e na requalificação das hortas já existentes, integrando-as na Estrutura Ecológica Municipal.» Folheto da Câmara Municipal do Seixal.
«Hortas urbanas do Grande Porto têm mais de 700 pessoas em lista de espera», no Público de 04.10.2009.
«Encontro da Horta Urbana no Palácio de Cristal. 17 de Maio de 2008.»
«Curso teórico-prático sobre HORTAS URBANAS». Formadora: Paula Tavares (Bióloga). Local: Almada (Portugal). Data: 9 de Fevereiro a 1 de Março de 2008»
«Hortas urbanas: espaços para o desenvolvimento sustentável de Braga». Pinto, Rute Sofia Borlido Fiúza Fernandes. Dissertação de Mestrado Em Engenharia Municipal - Área de Especialização em Planeamento Urbanístico. Universidade do Minho.