23.12.10

Os votos do azinheiragate e do Sicócartoon



Mais um ano que passa, mais um ano de partilha de conhecimentos e de amizades. Foi mais um ano especial, em que investi seriamente na defesa do património da região de Sicó e que fiquei a conhecer mais pessoas que partilham do espírito do azinheiragate. Foi sem dúvida um privilégio tudo isto e muito mais.
A região de Sicó é mais conhecida pelos 4 cantos do mundo e é uma honra poder participar na divulgação das riquezas e valores vários que ainda se vão aguentando num mundo em que quem manda são as aparências, a ganância e a corrupção.
Foi também um ano em que se iniciou um projecto muito especial, o Sicócartoon, que também deseja boas festas! Iniciou-se também um outro projecto que surgirá no primeiro semestre de 2011 e que vai mostrar que se consegue fazer muito com pouco, que as soluções mais simples e baratas são efectivamente as melhores para o desenvolvimento da região de Sicó, conseguindo-se também fazer marketing territorial de uma forma soberba (vão ver...).
Foi um ano de vitórias e derrotas, aprendi com ambas e continuarei a ser uma pedra no sapato da gente corrupta que pensa que quer, pode e manda, quando afinal mostrei que por vezes não podem e por vezes não mandam...
Mais um ano em que tive o privilégio de viajar e com isso aprender mais e melhor, algo que nunca prescindirei havendo saúde. Nunca ninguém poderá afirmar que já sabe tudo, pois estamos sempre a aprender, por mais que alguns pseudo-intelectuais digam que sabem tudo.
Podia dizer muito mais, mas fico-me por aqui desejando que 2011 seja um ano feliz para todos vós e lembrem-se que o mais importante é a saúde, com ela fazem tudo e sem ela não fazem nada!

20.12.10

O que é que eles me queriam fazer? Intimidar?!

As ameaças já são um infeliz hábito para aqueles, como eu, que além de não se venderem, protegem de forma honesta construtiva e legal o património da região de Sicó. São factos com os quais já estou perfeitamente habituado a lidar, portanto tenho os meus cuidados, as minhas defesas e a minha intuição quando, por exemplo, vou à Serra de Alvaiázere monitorizar o processo do parque eólico. É algo que já faço muito antes daquele parque eólico ter sido começado e é algo que irei continuar a fazer, já que daqui a dois ou três anos irei reavaliar o património geomorfológico que ali estudei entre 2005 e 2008 (tendo no entanto continuado a investigação tendo em vista a monitorização durante alguns anos, algo que causa uma enorme azia a determinadas pessoas...).
Neste último fim de semana voltei novamente à Serra e passou-se um episódio que já se começa a parecer com episódios semelhantes aqueles que se passam em países como o Brasil, onde quem defende a Amazónia contra a extracção e comércio ilegal de madeira é alvo de ameaças, que por vezes terminam com episódios de agressão ou pior....
Como sei que aquele território é um território que alguns tornam perigoso para mim tenho uma estratégia própria quando lá vou, obviamente não a vou divulgar. Vou "somente" descrever o que se passou nesta última vez, algo que mostra que muito vai mal por aqueles lados....
Cheguei ao topo da Serra e o que me pareceu o vigia do parque eólico (já o vi muitas vezes) estava à entrada da estrada de acesso do respectivo parque eólico, tendo eu passado por ele.
Chegado ao largo do posto de vigia, mesmo ao lado do vértice geodésico (618m) estacionei. Fui tirar as necessárias fotos para documentar o trabalho de investigação que desenvolvo naquela área, tudo dentro da legalidade, da honestidade e da ética que deve guiar qualquer investigador. Quando estava prestes a chegar ao topo da Serra, 20 minutos depois de ter lá chegado, notei que o vigia deslocou-se, na sua viatura, até ao largo onde eu tinha estacionado o meu veículo, algo que me intrigou bastante. O indivíduo não notou que passou a escassos metros de mim.
Chegado ao meu veículo, coloquei-o em andamento e comecei a descer a Serra, tendo notado que o vigia já não estava no seu local normal de vigia, tendo o mesmo colocado uma pequena protecção a sinalizar o fecho da estrada do parque eólico (quando por lá passei estava aberta).
Não vi mais este vigia, não sabendo para onde foi e nem sequer quero tirar ilações. Já a descer a serra, parei num miradouro, já que andava por ali um praticante de parapente e eu como adoro ver fui tirar umas belas fotografias. Tinham-se passado 5 minutos desde que eu tinha saído do largo no topo da Serra.
Apenas 3 minutos depois vejo um jipe a subir a Serra, o qual ao chegar ao miradouro, onde eu estava, abrandou, tendo os 4 ocupantes olhado para mim fixamente. Um deles era um indivíduo de grande porte e barba por fazer (eu por vezes também a tenho por fazer).
Passados por mim, e depois de olharem intensamente para mim, seguiram até ao topo da Serra, onde foram apenas virar, já que 5 minutos depois já estavam de volta, tendo passado por mim (eu já estava mais a baixo a tirar mais fotos).
O jipe era um Land Rover verde, de primeira geração.
Depois deste episódio fiquei a pensar, será que sou tão importante para merecer uma visita de cortesia de 4 pessoas? Será que queriam falar comigo? Porque olharam tão incessantemente para mim? Assustaram-se com o que eu tinha vestido? Terá sido uma mera coincidência este encadeamento de acontecimentos desde que cheguei ao topo da Serra naquele dia? Será que sou eu a ver coisas?
Não vou comentar, vou sim deixar essa tarefa para aqueles que conhecem a situação....
Para finalizar, soube hoje algo que pessoalmente me satisfaz, algo que mostra que o país apesar de estar na situação actual, onde quase tudo é permitido e de forma desordenada (mesmo que ilegal), um facto que mostra que vale a pena "lutar" pelo património da região de Sicó. O parque eólico de Ariques foi CHUMBADO!!!!! É este acreditar, mesmo que parcial, que me move, nem tudo está perdido... Viva o património natural e cultural da região de Sicó!

16.12.10

As galinhas e tudo o resto....


Á primeira vista se calhar alguns de vós pensarão que eu tenho um parafuso a menos por estar a mostrar uma foto de galinhas num dos meus comentários, no entanto no final do comentário ficarão não só esclarecidos, bem como elucidados sobre um problema complexo, mas fácil de resolver...
A sociedade em que vivemos complica, por vezes, casos que até são de simples resolução, por isso mesmo e por muito mais decidi falar desta questão aqui neste nosso espaço de partilha de conhecimento.
Os restos de comida representam uma fatia significativa no volume total de resíduos que infelizmente teima e ocupar espaço, hoje em dia em locais pomposamente denominados por aterros. Há pessoas que pensam que este não é um problema delas, nem mesmo um problema da região de Sicó, mas especialmente para essas pessoas dedico este comentário de reflexão.
Quando muitos de nós colocamos para o lixo restos de comida estamos a criar um problema. Isto porque tem de vir um camião buscar esse mesmo lixo, tendo-o de levar para um ecocentro, local onde é comprimido e levado por outro camião para um aterro. Isto, quanto a mim, é um puro desperdício de dinheiro e tempo, já que este processo custa tempo e dinheiro.
Felizmente que na região de Sicó há pessoas que fazem como eu, que evitam todo este processo dispendioso e perfeitamente evitável. Obviamente que há pessoas que estão limitadas neste aspecto porque vivem em apartamentos, mas havendo consciencialização e vontade por parte de cidadãos e entidades este problema pode ser em grande parte erradicado, ganhando-se com isso em toda a linha (economia, ambiente, cidadãos, etc).
Um exemplo nacional desta problemática ocorreu há poucos anos nos Açores, onde devido à exiguidade do espaço físico dos aterros, resolveu-se criar uma rede de compostagem de restos de comida/orgânicos. Esta simples ideia prolongou em dois anos o tempo de vida dos aterros. Sei que um aterro é sempre problemático, mas dou apenas o exemplo para ilustrar um raciocínio do quanto positivo pode ser uma ideia...
Indo a exemplos externos, falo de uma notável ideia que aconteceu há poucos meses na Bélgica, um município ofereceu galinhas (vivas) às pessoas, de forma a elas terem na sua hortazinha estas belas destruidoras de restos de comida. Mitiga-se assim um grave problema com uma solução muito simples.
Penso que a crise, à parte de algumas questões problemáticas que não são do âmbito do azinheiragate, vem apenas dar uma ajuda na educação/reeducação da sociedade sobre estes e outros aspectos. São factos que mostram que ser-se ambientalista não é preocupar-se com o ambiente, é sim preocupar-se com tudo aquilo que nos rodeia e que nos sustenta!
Na região de Sicó há ainda muitas pessoas que fazem como eu, têm as belas galinhas que resolvem problemas e dão o belo do ovo. Infelizmente, e na minha faixa etária, são cada vez menos....
Para finalizar dou um exemplo prático que coloquei em acção numa entidade aqui da região de Sicó. A partir de 2009 houve a possibilidade de recolher restos de comida, os quais decorriam do seu normal funcionamento (semestral) e do movimento de algumas pessoas (em média 12). Em apenas 6 meses recolhi mais de 200kg de restos de comida que foram integralmente trucidados por algumas galinhas. Ganhei porque arranjei um complemento alimentar para as galinhas, ganhou a entidade porque demonstrou um apoio incondicional a uma questão séria, e ganhou a sociedade, já que não teve de dispender dos seus impostos para que estes mais de 200kg de resíduos fossem para um aterro.
Para quê ligar o complicómetro se podemos simplificar e ganhar em toda a linha?
Fica a nota de reflexão e fica também a ideia para que além dos particulares, as entidades da região de Sicó sigam este exemplo.

10.12.10

Um projecto retrógado que destrói a essência da região de Sicó


"Investimentos que empobrecem o património natural", foi um brilhante comentário que ouvi, pelo presidente do GECoRPA, num evento há semanas atrás. Foi na Gulbenkian e tratou-se de um colóquio sobre o impacto de infraestruturas sobre o património natural.
É uma frase que representa na perfeição o assunto que agora vos venho falar. É algo que algumas, poucas, pessoas já sabem, mas que a grande maioria de vós não sabe....
Infelizmente é mais um triste episódio que ocorre em Alvaiázere, este belo case study no que concerne a más práticas de ordenamento e gestão do território. Havendo hipótese de comprar um de dois edifícios antigos magníficos para recuperar e transformar num hotel, Paulo Morgado surgiu com uma ideia que, pessoalmente considero analfabeta do ponto de vista de cultural. Podendo recuperar um de dois edifícios de dimensão considerável (proximais à Serra), de forma a Alvaiázere ter um bom hotel, este autarca decidiu que seria bonito construir um hotel quase no topo da Serra de Alvaiázere, tendo mandado elaborar o projecto ainda em 2006. Isto é no mínimo estranho, já que em primeiro lugar a Serra de Alvaiázere era um ícone patrimonial, portanto o que teria lógica seria recuperar uma de duas quintas históricas e transformá-las num hotel fantástico com vista para a Serra, uma autêntica jóia da coroa. Em segundo lugar é estranho porque o PDM não contempla construção naquele local, tal como está planeado (não é do conhecimento público...), sabendo também que aquele local é área protegida e Reserva Ecológica Nacional.... Nunca se deveria construir naquela serra, é simples e não custa compreender.
Para adensar o mistério, em 2010 mandou para a comunicação social uma nota de imprensa a referir que já havia financiamento comunitário de 6 milhões de euros para este mesmo projecto, pensado para uma área protegida.... Já para não falar que o autarca local falava isto como facto consumado, algo que curiosamente até terá de ser alvo de Estudo de Impacte Ambiental. Disse também que falta apenas surgir um investidor para fechar o processo, talvez um antigo barão de algum partido político, escondido por detrás de alguma sociedade anónima?
Como é isto possível?! Eu sei a resposta, ela já está a ser dada a cada vez que este autarca está envolvido em polémicas, as quais já são bem conhecidas e demasiado frequentes por aqueles lados. São factos e não opiniões.
Para este autarca, os Instrumentos de Gestão Territorial (PDM; PP;PROT;etc) são algo que pode ser agilizado com vista à prossecução dos seus objectivos, e dos interesses predatórios associados ao mesmo, por mais negativos que estes sejam. A descaracterização de um território outrora muito belo é um facto deste que este autarca chegou ao poder.
Choca-me a impunidade que este autarca tem, isto na perspectiva que o mesmo já por várias vezes esteve envolvido em casos de clara violação do PDM, algo que num país de direito daria perda de mandato.
Só para finalizar, algo não menos importante. Para tentar agilizar o processo, este autarca anda a tentar alterar certos artigos do PDM para que as suas intenções possam seguir o seu rumo. Felizmente a população protestou no local próprio, mas não sei se valerá de muito, já que ali quase tudo se consegue fazer em termos de aprovação de projectos impossível em situação normal.
Nos próximos meses iremos ver o que se segue, para já fica a nota de reflexão....

6.12.10

Nos Caminhos de Santiago da região de Sicó

Este era um tema que já estava agendado há umas 3 semanas, mas agora é, talvez, a altura ideal para o fazer. Confesso que poderia ter falado deste assunto há mais tempo, mas como felizmente há tanta diversidade de temas para falar que, por vezes, vou adiando alguns.
Venho precisamente a chegar de uma problemática viagem (à Escócia), não vos vou falar dela, isso fica para um livro que, aos poucos ando a escrever sobre as minhas viagens nos tempos livres.
Tomei a decisão de falar hoje deste tema, precisamente há 3 semanas. Isto porque mais uma vez tive o privilégio de falar com viajantes que passavam pela região de Sicó, em busca dos Caminhos de Santiago. Desta vez eram duas sul-coreanas, facto que me fez reflectir ainda mais sobre como é possível termos também esta riqueza que é mais conhecida por viajantes longínquos do que por nós próprios:
Já falei com pessoas de várias nacionalidades, muitos europeus, americanos e sul-coreanas, entre outros. Pensei para mim próprio, o que levará alguém de tão longe vir a Portugal e passar pelos Caminhos de Santiago que atravessam a região de Sicó?!
Como geógrafo viajado sei o que leva estas pessoas a vir até cá, mas mesmo assim fico sempre positivamente surpreendido e ao mesmo tempo contente pelo reconhecimento da região. As viagens transformam-nos para melhor e aprendemos muito com aqueles que vivem por onde passamos. Absorver o ambiente, inalar os cheiros, sentir a rugosidade do terreno, apreciar as paisagens é algo que molda o nosso carácter e caso tenhamos capacidade de aprender, seremos melhores pessoas, isso vos garanto.
O que me leva a escrever este comentário, além de vos fazer reflectir que os Caminhos de Santiago são também um património da região de Sicó, é fazer-vos reflectir sobre algo muito simples. Porque é que as entidades regionais não estão conscientes da importância turística, cultural e económica que representa a vinda dos "Caminhantes de Santiago"? Porque é que não existe uma estratégia concreta de valorização deste recurso?
Uma estratégia passaria em primeiro lugar pela identificação do recurso, depois pela avaliação do mesmo e finalmente por uma estretégia de acção tendo em vista a valorização do recurso. A estratégia passaria não apenas pela divulgação que existe aqui o recurso "Caminho de Santiago" (é um erro comum que se teima em fazer por estes lados..), mas sim de reabilitação do eixo por onde passa o Caminho de Santiago. Os visitantes não querem ver casas que são iguais em todo o lado, querem sim ver a alma da região, habitantes locais, casas de pedra recuperadas, trilhos em condições (e não caminhos florestais que destroem antigos caminhos ancestrais) e tudo o resto. É algo de transversal à região que os actores de desenvolvimento regionais teimam em não compreender. Enquanto isso vai-se perdendo todo um património que depois de perdido não volta...
Lembrem-se que mesmo que por si próprio este recurso não seja uma "salvação", conjuntamente com milhares de recursos (património natural, cultural, etc) concerteza é um recurso valioso para definir uma estretégia concertada de desenvolvimento regional para a região de Sicó, é isso que nos tem faltado. Tem faltado não só pelo facto de termos tido até hoje autarcas e outros actores de desenvolvimento mal preparados, mas acima de tudo por nossa própria culpa, isto porque em tempo de eleições o que mais vulgarmente se pede a um autarca é que ele alcatroe o caminho à nossa porta e coloque uma manilha, é assim que infelizmente vendemos o nosso voto, seja ele para quem for.
Peçam património em vez de alcatrão e vão ver que as coisas mudam, pois enquanto assim não o fizerem, a região de Sicó e o país continuarão a ficar mais pobres, mesmo sendo uma região e um país riquíssimos em termos de património...
Um dia também farei os Caminhos de Santiago, isso vos posso assegurar haja saúde!

27.11.10

A necessidade do projecto Ecoquarry na região de Sicó


É um dos temas mais complexos de falar na região de Sicó, não porque efectivamente seja um assunto complexo, mas sim porque mexe com interesses e mentalidades complicadas.
Só para vos dar um exemplo desta "complexidade", há umas semanas atrás falei sobre as pedreiras (monstros) de Pombal no azinheiragate. Apesar de ter falado de forma construtiva e ter apresentado uma situação exemplar que ocorre no Reino Unido (algo que podia ser feito na região de Sicó), bastou esse simples comentário para irritar o conhecido Narciso Mota, autarca de Pombal. Diria eu que foi apenas um sinal da saúde democrática que se passa por boa parte da região de Sicó e não apenas por Pombal.
Indo agora à questão que me leva a escrever estas linhas, queria falar das dezenas de pedreiras que existem na região de Sicó. Ferem as vistas, incomodam quem as tem de "gramar no seu quintal" e são tabu nas áreas onde elas coexistem, a bem ou a mal, com as populações. São necessárias, mas não todas, apenas algumas, pois se se reciclasse materiais de construção a coisa já era diferente.
É precisamente neste tema que quero falar, existindo tantas pedreiras na região de Sicó, muitas delas abandonadas, porque é que ainda não surgiu nenhum projecto de recuperação paisagística para algumas destas? Alguns, menos informados, podem dizer que fica caro, mas os mais informados sabem que afinal este pode ser um excelente negócio, no qual se junta o últil ao agradável...
O negócio é simples, ao recuperar paisagísticamente uma pedreira abandonada, tem-se um espaço priveligiado para encaminhar materiais inertes. Mais simples não podia ser, mas infelizmente as vistas curtas dos nossos autarcas não permitiram ainda algo como um projecto igual ou semelhante ao Ecoquarry:
A pedreira que vê na foto está desactivada há quase três décadas, sendo apenas um dos muitos exemplos, existentes na região de Sicó, sobre o qual poderia incidir um projecto como o Ecoquarry.
Os resíduos de construção e obras públicas, caso por exemplo de terras de desaterros, poderiam ser encaminhados para locais como esta pedreira, que tem uma área considerável (penso que uns 3 hectares). Evitar-se-ia também muitas situações lamentáveis de despejos selvagens destes resíduos no meio da floresta. Só para vos dar um exemplo do quanto grave é a situação na região de Sicó, dos 250 locais (lixeiras...) que georeferenciei na iniciativa Limpar Portugal, entre 60 a 70% destes tinha resíduos de construção....
Pombal, Ansião, Alvaiázere, Soure e Penela, todos estes municípios têm este problema que tarda em ser mitigado. Temo que apenas quando as pessoas, em tempo de eleições, deixarem levianamente de pedir apenas que lhes alcatroem a estrada à porta, isto possa mudar.
Sei que as coisas por vezes são difíceis, mas quando há competência as coisas surgem. O problema é quando a competência não existe, ou deixa muito a desejar, e quando as pessoas não exigem aquilo que falam apenas entre amigos/conhecidos.
A democracia é participativa, portanto há que exigir, quase todos têm culpas no cartório...

24.11.10

A iniciativa Plantar Portugal e a semana da reflorestação nacional


Estamos precisamente na semana da reflorestação nacional e a 3 dias do dia "Plantar Portugal", (http://www.plantarportugal.org/pt/) sendo, para mim, uma semana de profunda reflexão neste domínio.
Infelizmente não posso participar em nenhuma actividade relacionada com esta louvável iniciativa, mas estou de consciência plenamente tranquila, não só porque todos os anos luto para que muitas árvores não ardam no triste festival anual de pirómanos e piromanias, bem como já participei por iniciativa própria em actividades de plantação de árvores nobres, caso de carvalhos (que tristemente alguns pacóvios de caçadores fizeram questão de vandalizar....).
Aproveito agora para falar de um assunto que já deveria ter falado há meses, mas fui adiando e adiando. Eis que chega a altura ideal para falar do projecto "Impacto Zero" (o site já desapareceu...), que esteve no terreno no concelho de Ansião e em primeira análise foi promovido pela General Motors.
Esta iniciativa incidiu sobre as freguesias de Chão de Couce e Pousaflores, e pretendeu plantar cerca de 130 000 árvores, entre azinheiras, carvalhos e pinheiros.
Apesar de ser uma iniciativa a louvar, embora tenha o óbvio cheirinho de greenwash da General Motors, e de haver mérito da Câmara Municipal de Ansião e da Associação Florestal de Ansião, não posso deixar de criticar a forma como este processo decorreu.
Em primeiro lugar viu-se claramente que havia que encontrar uma área para plantar 130 000 árvores, portanto estas tinham de ser plantadas de qualquer forma, custasse o que custasse. Assim sendo plantou-se tudo nas serras do Casal Soeiro e de Pousaflores, tendo-se aberto um estradão florestal que destruiu muita coisa e serve apenas para o pessoal dos jipes andar na bolina.
O problema que eu quero salientar é que esta iniciativa foi desajustada tendo em conta o número de árvores plantadas. Estas árvores foram plantadas com uma densidade inacreditável, só para que coubessem todas, foram plantadas mesmo em solos que não eram os mais indicados, pois havia que meter tudo naquele espaço....
Porque é que não se fez um projecto conjunto com outro município? Será que num dos muitos municípios que viram as suas áreas florestais bastante afectadas pelos incêndios florestais de 2003 e 2005 não mereciam muitas destas árvores, as quais foram plantadas só "para encher chouriços"? É a crítica essencial que faço à forma como esta iniciativa foi guiada, não esquecendo que considero que aquela estrada que vêm na foto, a sua abertura foi um erro crasso que prejudica toda aquela área, especialmente a fórnia da Ucha.
Considero que teria sido positivo plantar talvez umas 20000 azinheiras e alguns carvalhos e incidir o resto num projecto semelhante, mas noutro concelho. Infelizmente tenho a certeza que muitas das possíveis áreas para uma iniciativa semelhante, e que arderam em 2003 e/ou 2005 estão agora cheias de.... eucaliptos. É um dos problemas deste país, o problema da macrocefalia das celuloses e do eucalipto....
Para terminar, uma sugestão, plantem árvores, mas não invasoras!!
E os meus sinceros parabéns aos promotores do Plantar Portugal!

19.11.10

Azinheiragate apresenta "Os Gralhos"


Em exclusivo nacional, o azinheiragate tem a honra de apresentar "Os gralhos". Estas personagens pertencem ao "universo" do sicócartoon e pretendem fundamentalmente abordar questões igualmente ligadas à temática do património, mas de uma forma diferenciada do sicócartoon. Os gralhos são quase como que um irmão do sicócartoon, embora um irmão que não é gémeo.
O sicócartoon tinha começado com Pombal e agora "os gralhos" começam por Alvaiázere. Apesar desta vez não ter sido eu a propor o tema de conversa, já que "os gralhos" foram uma surpresa que "SC" preparou de forma a consolidar o "universo" sicócartoon, "SC" interpretou plenamente a situação actual pelos lados de Alvaiázere.
O diálogo dos gralhos representa na perfeição o pensamento de muitos dos residentes da Vila de Alvaiázere e mesmo dos alvaiazerenses.
Nos próximos tempos, e de uma forma igualmente regular, "os gralhos" irão apresentar-nos diálogos que pretendem não só fazer passar mensagens pedagógicas, bem como fazer com que as pessoas pensem no que se está a tornar a região de Sicó, para o melhor e para o pior.
Brevemente "os gralhos" irão falar sobre Penela e Ansião...

15.11.10

Vergonha local, regional e nacional!


Mesmo sabendo que sempre esperei de tudo num caso tão pernicioso como é o processo do parque eólico na Serra de Alvaiázere, onde a polémica já se desenrola há anos (inclusivé em tribunais que infelizmente não têm know how em questões de direito ambiental...), confesso que nunca esperei aquilo com que me deparei este fim de semana, quando me desloquei à Serra de Alvaiázere para mais uma ronda de monitorização ambiental associada a este escandaloso processo.
O que está a acontecer mostra que nada funciona neste país, Ministério do Ambiente, ICNB; CCDR-Centro e demais entidades. Só funciona mesmo o interesse financeiro predatório, contra tudo e contra todos, passando por cima de tudo o que é etica e moralmente aceitável, é a minha humilde opinião.
Não vou repetir o que já disse sobre este processo, vou sim falar de algo que vi da última vez que fui à Serra de Alvaiázere.
Antes de falar sobre algo muito complicado, queria apenas referir que supostamente as grutas encontradas no decorrer desta obra (várias...) deveriam ser preservadas e o parque eólico deveria ser compatibilizado com grutas existentes. Isto é a Declaração de Impacte Ambiental que o diz, portanto, supostamente, deveria ser para cumprir.
No entanto encontrou-se uma solução que considero no mínimo ilícita, para tornear um problema que atrasou em vários meses (10 meses!) os planos da empresa promotora deste parque eólico.
Tendo ido eu, mais uma vez, à Serra de Alvaiázere, eis que me deparo com a construção da sapata de uma torre eólica, precisamente em cima de uma gruta! Aquele tapume de ferro está exactamente por cima da entrada da gruta. A máquina que vêm está a abrir um segundo buraco, com um diâmetro de quase meio metro, já que o primeiro (com cerca de 10 metros de profundidade) já está feito. Isto será para sustentar melhor a sapata da torre, já que debaixo está uma gruta!!!!!!! Já estou mesmo a ver a desculpa para isto, deverá ser algo do género, que estão a utilizar uma técnica de construção que permite deixar acesso por debaixo, mesmo com a torre em cima, algo que eu consideraria de anedótico em termos ambientais (e não só...).
Este caso é o que eu denomino de vergonha nacional! Sinto vergonha, enquanto cidadão e enquanto geógrafo, assistir a algo tão triste na região de Sicó e num país onde quem manda é o dinheiro. Ética e moral são coisas do passado que, supostamente, a democracia deveria ter cultivado...
Espero sinceramente que a investigação que está a ser feita sobre este processo traga tudo a público, mesmo que algumas pessoas estejam bastante nervosas com isso...
Eu aqui continuarei firme na defesa do património da região de Sicó, sem receio algum da cidadania activa que faço questão de exercer de forma honesta e construtiva!
Apesar de agora nada impedir que o parque eólico seja terminado, farei deste caso um case study a nível nacional (pela gravidade e precedente da situação no domínio do ordenamento do território), de forma que o mesmo não se volte a repetir. Isto a bem do património natural e cultural deste país.

11.11.10

Toponímia: uma forma brilhante de conhecer a região de Sicó

Comprei este livro há 2 meses numa mini-feira do livro. Tendo em conta que é um dos muitos temas que me interessa, não houve a mínima hesitação na compra de mais um livro para a cada vez maior biblioteca pessoal.
Uma das coisas que considero mais importante para o conhecimento da região de Sicó, por parte de cada um de nós, é o ir para o campo, caminhar por locais não conhecidos ou mesmo por locais que pensamos que conhecemos. Confesso que me incomoda ouvir sempre a desculpa do costume, pois quando, por vezes, desafiava alguns colegas para a ida à descoberta, havia sempre a expressão "está frio", ou "está calor" ou então "cansa muito".
Estas breves expressões têm um significado mais profundo do que se pensa, pois reflecte plenamente o espírito de muitos nós. É pena que assim seja, pois há muito para conhecer na extraordinária região de Sicó.
Será que é melhor ficar o tempo todo no sofá a ver a televisão de qualidade duvidosa? Será que é melhor ir sempre para o café à espera que o tempo passe? Claro que não!
Peguem numa carta militar (podem comprar através de: http://www.igeoe.pt/) de olhos fechados apontem para um sítio, ou então uma ideia que agora vos proponho.
Vejam a diversidade de topónimos existente nas várias cartas militares que abrangem a região de Sicó e partam em busca do significado desse topónimo.
Dou apenas algumas sugestões:
Fonte da Pedra; Quatro Lagoas; Vales Verdes; Vale Florido; Bouça do Ferreiro; Carrascal das Sete Fontes; Estercadas; Governos; Aldeia do Rio; Cabeço Nacreal; Terras Largas; Bica; Castelo; Escarramoa; Marrocos.

São apenas alguns dos milhares de hipóteses (topónimos) para explorar. Vão ver que por detrás de cada topónimo há histórias fabulosas. Desfrutem também da paisagem (cada vez mais fragmentada..) da região, pois ainda vale bem a pena.
Posso contar uma que vivi há 2 anos. Num trabalho de investigação, estava a analisar em estereoscopia uma fotografia aérea e deparei-me com algo que se assemelhava à "bordadura" de uma dolina (forma cársica). Como precisava de confirmar no terreno se era ou não aquilo que eu pensava, fui então ao local, onde infelizmente não consegui chegar. O mato era tão denso que apenas terei chegado uns 20 a 30 metros do local.
Indo à carta militar vi que o topónimo do lugar era "Castelo" e não é que após questionar um colega meu, cheguei à conclusão que o que me parecia uma dolina na fotografia aérea era afinal um castro (antigo povoamento)? Infelizmente está ao abandono, facto normal na região de Sicó. A arqueologia é muito mal tratada por estes lados...
Este é apenas um mero exemplo de histórias por detrás de topónimos esquecidos. Vão ver que se em vez de estarem no sofá a perder demasiado tempo ou no café a perder tempo e dinheiro, ficam mais felizes da vida ao fazerem algo de saudável (caminhar e conviver de forma saudável com amigo/as) e mais conscientes do património que a região encerra. Tudo isto através de uma forma alternativa e valorosa de conhecer o nosso território.
Não esqueço também outro facto muito importante, dialogar com as pessoas de muitos lugares esquecidos da região de Sicó é das coisas mais enriquecedoras que podemos fazer, elas têm algo que tem faltado aos nossos governantes, a sabedoria, a humildade e a simplicidade! Vão ver que elas ficam muito agradecidas por terem alguém para partilhar a ancestral sabedoria...
Os vossos horizontes ficarão mais alargados, isso vos garanto. Além disso mais tarde vão dizer para vós próprios: "o que eu tenho perdido..."

7.11.10

Mistérios do património

É daquelas coisas que caso procurasse, dificilmente encontraria e que só mesmo por um acaso encontrei num momento fotográfico feliz.
Tentem descobrir, antes de eu dizer o que será...
Esta foto foi tirada há quase um ano, e só quando estava a imprimir para um concurso fotográfico na região de Sicó (no primeiro semestre de 2010), percebi algo que até então me tinha passado completamente ao lado.
Como podem ver, a foto retrata uma bela oliveira, muito provavelmente milenar. Nesta foto não dá para terem uma ideia da escala/dimensão da mesma (é grande...), mas caso colocasse outro ângulo não veriam algo do outro mundo. Não vou divulgar o local onde esta se localiza, pois há pessoas que poderiam ir lá e estragar este exemplar. Além disso é num terreno privado e há que respeitar esse facto.
Quando me apercebi do pormenor que torna esta oliveira um caso peculiar, enviei a foto para um amigo meu, fotógrafo de categoria nacional, de forma a ele me desse uma opinião sobre o caso. Disse-me que era algo que podia acontecer, mas que é raro, especialmente no caso de árvores.
Indo directamente ao facto, vejam a que é que se assemelha aquela figura do lado direito do tronco da oliveira, sensivelmente a meio. Digam lá que não parece uma figura de "outro mundo" a espreitar com a cabeça por detrás do tronco?!
Já tirei milhares de fotos, mas nenhuma delas tinha algo tão assombroso, literalmente!

31.10.10

Sicócartoon: Rede Natura 2000

Confesso que fiquei absolutamente abismado com a magnificiência deste cartoon quando "SC" me enviou o mesmo. Estive várias horas a pensar sobre este cartoon e não consegui esperar até amanhã para o publicar.
Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, mas mil palavras não chegam para descrever um dos melhores cartoons que vi na minha vida. Considero-o não só um cartoon brilhante, mas também uma obra de arte que "SC" desenvolveu com sábia mestria, passe o pleonasmo
Especialmente para quem lida com questões de património, nomeadamente sobre a questão ambiental, deverá facilmente perceber a profundidade da mensagem que é passada neste cartoon, precisamente a mensagem que pretendia passar quando pensei inicialmente na ideia que levou ao projecto agora denominado (por "SC") como Sicócartoon. O mérito é todo para "SC", pois a arte é sua! Posso afirmar que é uma honra ter dado início a este projecto, o qual encontrou um mestre muito competente e plenamente consciente sobre a questão patrimonial. Este projecto irá longe...
Quando digo que é um dos melhores cartoons que vi até hoje, falo a uma escala internacional e não apenas nacional. Tenho a certeza que este cartoon, em especial, irá fazer história em Portugal, sendo possivelmente o melhor que vi no domínio do património natural. Já vi centenas de cartoons até hoje e nenhum chega aos calcanhares deste, pois com atenção perceberão da profundidade da mensagem que se pretende passar.
Para se passar uma mensagem pedagógica é necessário sabedoria e arte, este cartoon, em especial, reúne ambos e de logo uma forma brilhante, é a minha humilde opinião!

27.10.10

O roubo do património de Sicó


É um tema que me preocupa já há alguns anos, tendo começado basicamente com o conhecido roubo de potes de azeite antigos que por vezes vamos observando em alguns jardins. Ou então o roubo daqueles belos azulejos grossos e muito antigos que ainda se vêm em algumas casas.
Infelizmente as velharias/antiguidades, que representam um rico património também na região de Sicó, são cada vez mais um alvo de saqueadores do património, resultando isto numa perda significativa de recursos que bem utilizados seriam uma mais valia para a região.
Outro dia, num dos meus frequentes passeios pela região de Sicó, passei num local onde há poucos meses foi roubada uma nora, este facto foi inclusivé notícia num jornal local. Aproveitei para parar e ver in loco a triste realidade. Por esta altura das duas uma, ou a nora já está em algum jardim distante ou então está à venha da internet (façam uma busca e vejam a triste realidade...).
Embora algumas destas vendas sejam legais, há concerteza muitas ilegais, pois é quase que impossível saber da proveniência/fonte de algumas destas velharias/antiguidades.
A nora que dantes embelezava este poço, ainda em pleno funcionamento, foi apenas mais uma a desaparecer, algo que me entristece pois é mais uma perda a lamentar. Terá sido, porventura, a localização desta nora que terá facilitado o seu destino, já que era num local ermo. Infelizmente acontece o mesmo dentro de algumas localidades....
É difícil saber o que fazer nestes casos, mais atenção, talvez um registo em cada uma destas peças, de forma a dificultar o seu roubo. Enfim, é algo que lanço à discussão de todos vós.




O melhor será mesmo esconder muito deste património, pois só assim os saqueadores de património terão a sua tarefa dificultada. Mas não chega, há que não falar da existência deste património a estranhos, pois há-os há escuta...
Infelizmente, e para piorar, mesmo entidades públicas da região de Sicó cometem erros que apenas facilitam a tarefa dos saqueadores do património. Falo em especial da atitude que teve há poucos meses o Município de Alvaiázere, já que disponibilizou a localização de património valioso através do Google Earth. É uma atitude que lamento, pois não foi devidamente ponderada.
Além disso resta saber se houve autorização de alguns privados para que parte do seu património, que deveria ter sido salvaguardado em algumas situações específicas, fosse disponibilizado a todos nós. É algo simples de compreender, pois há coisas que nunca devem ser divulgadas, umas porque são valiosas demais, outras porque primeiro deverá ser elaborado um plano de acção com vista à sua salvaguarda.
Mesmo os cidadãos nunca devem divulgar património susceptível de ser roubado ou afectado em termos de integridade, fica o aviso e o conselho a todos vós.
Há que estar atento a estranhos que andem a olhar de forma suspeita para o património que é susceptível de ser roubado, como infelizmente foi o caso na nora acima referida.

23.10.10

Nota negativa para o Jornal Serras de Ansião

Sinceramente não estava nos meus planos próximos comentar algo relacionado directamente com a imprensa regional, mas depois de ler a edição nº244 do Jornal Serras de Ansião era algo de necessário e inevitável.
Falo sobre uma questão que além de ter relação directa com questões patrimoniais, tem também a ver com questões de ética jornalística e moral, por isso mesmo este meu comentário.
Nunca escondi que não aprecio o estilo do Jornal Serras de Ansião, é algo partilhado por muitos daqueles com os quais convivo na região de Sicó, nomeadamente Ansião. Não gosto, porque este Jornal Regional confunde-se demasiado com um folhetim político de determinada côr política ( a imunda da política....), algo que desprestigia quem toma este caminho. Influências diminutas até aceito, mas influências acima do diminuto são algo de inaceitável, como considero que é o caso.
Indo directamente ao assunto, uma pessoa próxima avisou-me que tinha uma notícia interessante para eu ler, algo que obviamente me levou a consultar um exemplar emprestado da edição nº 244 do Jornal Serras de Ansião.
Pegando no jornal reparei algo de estranho, pois a notícia sobre a qual era dada nota de primeira página era uma notícia já com várias semanas. Além disso o título era ridiculamente fantasioso...
Chegando à página do artigo (10) deparei-me com o título "Morcegos não deixam funcionar aerogeradores", algo que me fez esboçar um riso, já que deu-me claramente a entender que quem fez a notícia não investigou jornalísticamente o caso. Logo ali pensei que esta era o que eu denomino como uma manipulação pura da opinião pública a desfavor de uma entidade da qual não faço parte (Quercus), e a favor de um círculo de pessoas ligadas à política com interesse financeiro no parque eólico.
Seguidamente li o conteúdo da peculiar notícia e notei que a mesma era apenas uma interpretação sobre um comunicado da Quercus (quase com 2 meses...).
Sobre isto não há muito a dizer, pois é normal esta interpretação por parte da imprensa, mas....
O último parágrafo (já fora da interpretação do comunicado), contudo, já foi algo mau de mais. Passo a transcrever o que é referido:
«Contra esta posição da Quercus manifestam-se muitos alvaiazerenses, que consideram ser uma associação fundamentalista e retrógada, causadora de muitos prejuízos à economia do país. "Infelizmente estamos à mercê destes idiotas", protestava um grupo de indivíduos
Este parágrafo preocupou-me seriamente, não porque se assemelhe francamente ao discurso do autarca local, mas sim porque mostra que houve aqui algo que não fica bem esclarecido, passando eu a questionar o que não está esclarecido:
- Onde se manifestam muitos alvaiazerenses? (onde?)
- Quando se manifestaram? (quando?)
- Como se manifestaram? (como?)
São razões que têm de ser esclarecidas a bem da verdade jornalística, pois afinal o que acontece é o seguinte:
- Muitos alvaiazerenses são contra a localização do parque eólico na Serra de Alvaiázere.
- Poucos alvaiazerenses são a favor da localização, andando estes curiosamente em órbita constante daqueles que têm interesse económico no parque eólico.
- Que alvaiazerenses terão sido entrevistados? Onde? Porquê? Quando?
Pessoalmente considero que o artigo termina com algo que não corresponde à verdade e que é algo que foi direccionado de forma a manipular a opinião pública por parte de interesses políticos com interesse financeiro no projecto.
Falo com conhecimento de causa, pois além de conhecer como poucos todo o processo escandaloso que levou a um descaracterizar e destruição inaceitável de património natural e construído, participei nas fases de discussão e acompanhamento público do processo, tendo inclusivé dado a nível profissional dois pareceres negativos.
Choca-me que o Jornal Serras de Ansião tenha publicado algo como o que refiro atrás e que não se tenha devidamente informado, pois se soubesse saberia que:
- Apenas um dos geradores irá estar condicionado em termos de funcionamento, já que ali perto situa-se nada mais nada menos do que um abrigo nacional de morcegos, protegido por legislação nacional e comunitária;
- O parque eólico foi chumbado duas vezes, tendo sido a última decisão revogada de forma estranha e em tempo record;
- Que foram sempre apresentadas alterativas à localização deste parque eólico;
- Que foi o próprio Estado a chumbar as duas enunciadas vezes;
- Que foi destruído património de valor internacional;
- Que houve um processo cheio de polémicas e que se arrasta há 6 anos;
- Que foram parcialmente destruídas duas grutas;
- Que foram várias as entidades (Quercus; Al-Baiaz; Grupo Protecção Sicó; Geota; Oikos; FAPAS, entre outros) a dar parecer negativo à localização deste parque eólico, pois o que está em causa é apenas a sua localização;
- Que este caso é uma farsa e que o interesse é fundamentalmente financeiro e para alguns, sendo a questão dos morcegos o alibi perfeito para esconder algo...
- etc, etc etc
Então e sabendo isto e muito mais porque foi o Serras de Ansião dar cobertura à versão estereotipada dos morcegos? Sei que eles são um bom bode expiatório, mas chega de incompetência. Quanto a mim nem é a incompetência que me chateia, é sim o sentido ético e moral da questão.
Intriga-me que sendo o Jornal Serras de Ansião um interessado por questões históricas (já deu algumas excelentes notícias sobre estas temáticas), não refira que naquele Serra existe um enorme povoamento da Idade do Bronze e que este, em conjunção com os valores cénicos, bem como património natural (biótico e abiótico), seja um recurso agora desvirtuado, quando poderia estar a render há décadas rendimentos muito superiores aos que o parque eólico dará à autarquia local. A seu tempo teria sido uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento daquele concelho, com benefícios para os concelhos limítrofes.
Poderia o mesmo jornal questionar a população, e não apenas pessoas chave num círculo muito restrito, sobre o que significou o desperdício dos valores que atrás referi, os quais teriam significado em empregos duradouros e um desenvolvimento sustentado para o concelho. Perderam-se milhões e agora que estão em causa migalhas, destruíu-se um valor fundamental que daria os milhões. Quem ganhará com isto?!
Para mim significa algo simples, mentalidades fundamentalistas e retrógadas que causaram danos irreversíveis à economia local, regional e nacional. Estando à mercê de meia dúzia de idiotas que querem apenas lucro imediato, contra tudo e contra todos, o país não vai para a frente, o resultado está á vista...
Este caso ainda vai dar muita polémica, pois há um orgão de comunicação nacional que está a investigar o caso há várias semanas e já descobriu a ponta do novelo...
Felizmente que a democracia nos permite falar, construtivamente e sem maldade, sobre questões incómodas, a bem do património da região de Sicó. Infelizmente tenho pena que a liberdade de imprensa seja cada vez menor em Portugal (Portugal desceu de novo no ranking...), isto é algo bom para os interesses predatórios que têm levado Portugal ao desastre, destruindo tudo aquilo que temos de melhor.
Espero, sinceramente, que o Jornal Serras de Ansião comece a compreender que o seu futuro só será risonho caso enverede por um caminho isento e profissional, em toda a sua acção e não apenas em algumas acções. Este Jornal já provou que quando quer sabe fazer as coisas bem, mas infelizmente quando a política interfere...

19.10.10

O ex futuro parque verde de Pombal

Seria um local realmente fantástico para implementar um parque verde em Pombal, mas infelizmente a política do betão irá fazer, a seu tempo, este local mais um para urbanizar. Para já tem apenas um edifício e uns relvados que mais não servem do que para alguns levarem o seu cãozinho a fazer as suas necessidades. Pessoalmente nem sequer gosto de relva porque além de enganar, só é verde na cor, não tem valor ecológico.
Este local, situado entre a estação de comboios e o IC2 tem já um prédio, estando os restantes locais designados à espera de melhor altura para que se construa mais umas quantas torres, pois a bolha imobiliária terá rebentado em Portugal há coisa de 4 anos (ouvi isso ontem num congresso na Gulbenkian).
Este mesmo local tem, contudo, moradores já com alguns anos de estadia, as belas cegonhas que têm aguentado por aquela chaminé que se vê na foto (costumam andar noutras próximas também).
Apesar de saber que este local irá ser urbanizado, não posso deixar de manifestar o meu profundo desacordo com a política do betão de Narciso Mota, é contra-natura e contraproducente (lembram-se do dia 25 de Outubro de 2006?).
Os pombalenses mereciam um parque verde e este lugar seria o ideal, tem uma localização muito boa, tem o rio mesmo ao lado (e que tal reabilitar e renaturalizar as margens?) e uma vista fantástica sobre o castelo. Apesar de Pombal ser uma cidade pequena penso que justifica plenamente algo como um parque verde.
Pombal já deveria ter um parque verde, mas as versões estereotipadas de desenvolvimento têm levado a que pouco se faça neste domínio. Sei que o dinheirinho vindo da construção daqueles prédios poderá ser bom (ou não...), não é linear, mas a qualidade de vida dos pombalenses é bem mais importante do que isso. Fundos conseguem-se ir buscar a outro lado sem que para isso se sacrifique qualidade de vida dos cidadãos.
Outra mais valia de um parque verde poderia ser o aproveitamento do corredor ribeirinho para montante, já que é tecnicamente possível, bastaria haver vontade e equacionar o projecto com a população. A participação pública é determinante em projectos deste género.
Das várias cidades europeias que já tive o provilégio de visitar, em todas elas existe um ou vários parques verdes, dependendo, claro, da sua dimensão. Para muitas pessoas estes espaços são o único escape às caixas de betão em que estão metidas grande parte do seu tempo, por isso mesmo (e por outras coisas mais...) é importante pensar os espaços verdes.
Lembro-me de ter lido há semanas atrás um comentário num blog pombalense, sobre esta questão e sobre a necessidade de se criar um parque verde (além de terem falado sobre a maravilhosa Lubljana - 4 vezes que já lá fui, 4 vezes que fiquei maravilhado).
Pombal ainda tem alguns locais que importa salvaguardar, resta aos pombalenses exigirem aquilo a que têm direito. Podem também, além de participarem activamente através da cidadania plena, criticar de forma construtiva (e não desconstrutiva!), embora infelizmente a crítica construtiva seja também vista por alguns autarcas como algo negativo, quando afinal é uma atitude que além de louvável, necessária para que a democracia seja isso mesmo, um processo participativo...
Criticar de forma construtiva é apenas e só participar activamente na melhoria colectiva do nosso futuro e não uma ofensa seja a quem for. Da mesma forma que aceitamos aplausos também deveremos aceitar críticas construtivas...

16.10.10

Qual o papel do ICNB na região de Sicó?

Decorrente do facto do Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) ser um dos responsáveis máximos do Sítio Sicó/Alvaiázere, da Rede Natura 2000, interessa discutir o papel que este organismo público tem tido nos últimos anos na gestão desta área de grande valor natural e patrimonial.
No tempo em que o ICNB era o ICN, este organismo público era uma entidade respeitada pela sua qualidade, tinha muitos técnicos credenciados que davam cartas no domínio da conservação da natureza. O tempo passou e este organismo público foi tomado por uma classe política sem classe, que transformou este organismo, no que concerne à gestão da RN2000, pouco mais do que um organismo burocrático e contraproducente.
É isto que tem acontecido com a gestão do Sítio Sicó/Alvaiázere, há falta de presença no terreno do ICNB, que não tem meios financeiros e está desprovido de boa parte dos seus técnicos de qualidade, pois muitos deles desistiram de ser marionetas na mão de uma política rasca. Os políticos conseguiram fragilizar o ICNB de uma forma tão grave, que hoje em dia infelizmente já que coloca em causa a existência de um organismo público outrora pujante e reconhecido.
A gestão do Sítio Sicó/Alvaiázere, pelo ICNB, é feita a partir de Rio Maior, na Sede do PNSAC, mas infelizmente tudo tem corrido mal para o ICNB. Falta a fiscalização no terreno e falta a interligação com as autarquias, as quais também pecam por falta de competência neste domínio.
As orientações de gestão tardam em ser vertidas nos Planos Directores Municipais e vai-se perdendo um património muito valioso.
O que muitos países consideram uma mais valia económica valiosa (RN2000) é considerado como que um obstáculo ao desenvolvimento da região de Sicó por parte dos autarcas locais. Nada se faz em termos práticos e as populações vão ganhando rancor com a existência do Sítio Sicó/Alvaiázere, algo que dá prazer aos actuais autarcas, já que será menos um obstáculo às suas ideias de construir em tudo o que é sítio...
Pessoalmente considero que é um caso muito complicado, pois o ICNB estanto na mão de políticos que nada sabem sobre conservação da natureza, tenderá a desaparecer em poucos anos, algo que dá jeito aos interesses económicos predatórios que vêm a região de Sicó como um território fértil para construir e fazer tudo o mais.
Considero também que o nome do ICNB é pouco lógico, já que a inclusão do termo biodiversidade depois de conservação da natureza é algo de ridículo. O nome lógico seria o nome original, ou seja Instituto da Conservação da Natureza, se bem que não ficaria mal futuramente denominar-se por Instituto da Conservação da Geodiversidade e da Biodiversidade (ICGB), abarcando assim as componentes base da Natureza, a componente abiótica e biótica.
Espero então que o ICNB comece a liberta-se de alguma forma daqueles que tomaram este organismo público, que os técnicos que ali trabalham não se deixem manipular por interesses obscuros e pensem que mais vale procurar trabalho noutro lugar (há sempre trabalho para técnicos competentes!) do que ceder a pressões para aprovar o que nunda deveria ser aprovado a bem do desenvolvimento territorial. Vejam o meu caso, não cedi a pressões e atitudes cobardes e corruptas e dei a volta por cima!

10.10.10

Leitura obrigatória no domínio da biodiversidade


Da última vez que falei sobre a questão da biodiversidade prometi que o faria, portanto destaco agora um manual obrigatório para todas as pessoas que se interessam pela temática da vegetação.
Reparo muitas vezes que há pessoas que, mesmo com boa intenção, cometem erros que se podem pagar caros no que concerne à preservação da rica biodiversidade da região de Sicó (e não só...). Estes erros devem-se, fundamentalmente, devido à falta de informação sobre algo tão importante como são as espécies autóctones, além de outras espécies a que genericamente são denominadas por invasoras.
Vê-se muitas pessoas a comprar nos mercados espécies que nunca deveriam estar à venda de forma livre, algo que tem comprometido em certa medida um futuro risonho para as nossas espécies.
Por isso nada melhor do que alertar para a gravíssima problemática que são as espécies invasoras. O manual que agora destaco é uma obra fundamental neste domínio, que pode ajudar de sobremaneira a mitigar, de alguma forma, este problema. Pessoas informadas significam uma força de acção importante para que as coisas se possam começar a resolver.
As bibliotecas de Ansião e Alvaiázere têm este manual, sobre as outras bibliotecas da região de Sicó não estou informado, mas nada melhor do que fazerem uma visita a estes locais de cultura e questionarem as mesmas.
Há também outra opção, que serve como complemento a esta obra de excelência, são fichas para a identificação e controlo, as quais podem ser encontradas em:
Em vez de perderem tanto tempo há frente da televisão a ver conteúdos supérfluos, sugiro-vos vivamente a consulta destes importantes documentos.
Para finalizar deixo-vos mais uma vez com um link obrigatório:

6.10.10

Planeamento Municipal

Fonte:
http://www.igot.ul.pt/portal/page?_pageid=407,1&_dad=portal&_schema=PORTAL

Por ser um evento muito importante no domínio do ordenamento do território, destaco este congresso. Seria especialmente importante (também) todos os autarcas da região de Sicó poderem ir a um evento que lhes interessa de sobremaneira, afinal o planeamento municipal é a chave para o desenvolvimento regional (é básico, mas há quem não chegue lá...). Sinceramente duvido que lá vá encontrar algum dos autarcas da região de Sicó, mas mesmo assim sugiro este evento, de qualidade indiscutível, a quem tem por missão nos governar. No entanto caso algum destes autarcas possa ir, lá estarei para trocar impressões de forma construtiva e imparcial.
Congressos como este são um local privilegiado para aprender, resta saber quem afinal quer mesmo aprender e quem quer continuar com versões estereotipadas do que é afinal o planeamento municipal (e regional..... e nacional....).
Custa-me ver alguns destes autarcas criticar, apenas na imprensa, os Instrumentos de Gestão Territorial (IGT) apenas porque acham que estes não se adaptam aos seus, muitas vezes, modelos estereotipados de desenvolvimento local e regional. Se querem realmente discutir imparcialmente alguns dos problemas associados aos IGT (que é normal existirem devido à sua complexidade!), têm aqui uma das melhores oportunidades para o fazerem, e logo num dos locais mais indicados. Fica o desafio!

1.10.10

Nasceu o Sicó Cartoon!

Nota: conteúdos protegidos pelos óbvios direitos de autor.

Estava pronto há uns dias, mas esperei por um dia que me parecesse o ideal. Chegamos então ao dia 1 de Outubro de 2010 e apresento-vos um projecto denominado por Sicó Cartoon.
Os mais atentos ao azinheiragate notaram que há umas semanas atrás apresentei uma ideia para desenvolver no âmbito do desenho humorístico, mas com fins pedagógicos, de forma a retratar questões sobre o património, natural ou cultural, da região de Sicó.
Entretanto surgiu alguém interessado ("SC") e havia agora um intérprete do património que poderia levar esta iniciativa conjunta para a frente. É uma ideia que irá ganhar uma visibilidade fantástica, é nossa ideia, visibilidade esta que reverterá em primeiro lugar a favor do património de Sicó.
O "SC" tem um currículo que me impressionou e a mais valia é que entende plenamente muitas questões do património, tendo o mesmo já trabalhado na área da valorização do património. Desta forma é um intérprete perfeito para o desenvolvimento deste projecto que irá dar cartas no curto prazo. As ideias são desenvolvidas em conjunto e o entendimento é perfeito.
Falando agora no primeiro cartoon, apresentado em primeiro plano, nada melhor do que iniciar o Sicó Cartoon com a jóia da coroa, a Serra de Sicó. Neste momento é uma jóia que já perdeu muito do seu brilho, devido aos monstros que nela estão implantados e a fazem desaparecer a olhos vistos. A isso mesmo se deve este primeiro cartoon.
O ritmo de publicação do Sicó Cartoon será regular, portanto acompanhem que não se irão arrepender.
Todo o tipo de situações, actuais ou não, serão retradadas no Sicó Cartoon. Nenhuma área dentro da região de Sicó será esquecida, portanto não se admirem ver um assunto vosso conhecido retratado, esteja ele ligado ao património natural, cultural ou qualquer outro.
Os meus parabéns ao "SC", pois este primeiro cartoon está fantástico!

28.9.10

Festival do Chícharo: um evento a não perder


A pedido de um dos mentores deste festival (Carlos Furtado) é com imenso prazer que publicito um dos eventos que mais se relaciona com o património da região de Sicó. Apesar de ser um festival que tem perdido alguma força nos últimos anos, vale mesmo a pena ir, pois caso as pessoas deixem de ir a este e outros festivais/eventos da região de Sicó, perde o património e perde a nossa cultura.
Um conselho que dou a todos é que vão a este género de eventos, pois só assim poderemos celebrar a nossa cultura. Sem a nossa cultura... nada somos!

23.9.10

Lições mal aprendidas em Pombal: as inundações esquecidas..


Estamos quase a um mês de uma data marcante para os pombalenses. Foi no dia 25 de Outubro de 2006 que um evento extremo afectou Pombal, destruindo/afectando muitos bens privados e públicos, trazendo com isso centenas de milhares de euros de prejuízos.
Não vou aqui falar de prejuízos, vou sim falar o que afinal causou o prejuízo, ou seja o cerne da questão. É, infelizmente, algo de muito esquecido pelos lados de Pombal, fundamentalmente por quem responsabilidades no caso.
No que se trata de ordenamento do território, os erros pagam-se caro, Narciso Mota que o diga, pois foi fundamentalmente a sua política do betão e impermeabilização de solos, ocorrida nos seus vários mandatos, que, em última instância, levou a grande parte das consequências derivadas das inundações ocorridas naquela data. Este autarca é o perfeito exemplo do quanto negativo pode ser a falta de formação dos autarcas num domínio sobre o qual todos eles deveriam ter formação mínima, pois só assim se pode gerir um território. O território é a base da economia e quando o território é posto em segundo plano as coisas correm mal...
A minha intenção ao falar deste tema, ainda faltando 1 mês para o "aniversário" do evento é simples. Quando chegar o dia, alguns dos pombalenses já têm o assunto mais vivo na memória, sabendo dos porquês e estando desta forma mais conscientes do que podem fazer e denunciar para que a história não se volte a repetir. É uma questão de consciencialização para que na altura de "comemorações" as pessoas possam criticar, construtivamente, quem sistematicamente se desculpabiliza de alguma forma, dizendo que terá chovido demais...
Infelizmente a história irá repetir-se, mas com consequências mais graves. Mais adiante irei referir o porquê.
Pombal está situado numa área algo complexa, algo que não era problema há umas décadas atrás, mas com o avançar dos tempos a construção foi ocupando áreas sensíveis, nomeadamente o leito de cheia do rio. Desta forma começou a surgir um problema grave, o qual foi sistematicamente ignorado, não sendo considerado como prioridade em termos de análise.
Mais tarde surgiram os Instrumentos de Gestão Territorial, algo de tendencialmente positivo. Apesar de ser positivo não o era em muitos casos para o imobiliário, tinha de se construir, construir e impermeabilizar, pois isso é que era importante "para todos". Foi-se desvirtuando muito do que significaria o verdadeiro ordenamento do território a favor do imobiliário e a desfavor das populações.
Surgiram problemas com esta urbanização massiva e contra-natura e obviamente que pessoas mais informadas, muitas vezes especialistas, surgiram. Foram chamadas de impedidoras do desenvolvimento (e coisas do género...) e a inobservância de regras elementares sobre a gestão territorial começou a acumular peso a mais, tornando-se insustentável.
E no dia 25 de Outubro de 2006 veio a conhecida "cheia centenária", trazendo, tragicamente a plena razão aqueles que eram intitulados como impedidores desenvolvimento ou mais vulgarmente conhecidos como "ambientalistas". A história dos fundamentalistas já não pega, pois há-os em todos os lugares...
Mesmo pessoas pouco informadas tiveram a oportunidade de constatar tristemente o que era evidente, ignorar a natureza causa problemas...
Uma das coisas que mais me impressiona, é a contínua negação do evidente por parte do edil pombalense. E o "engraçado" é que com os anos a lição não se aprende. A foto que vêm no início deste texto, é do estacionamento ao lado da ponte da antiga estrada real, e é a prova do que refiro.
Mesmo depois da tragédia do dia 25 de Outubro de 2006, o autarca local sabendo que a impermeabilização dos solos só piora as coisas, mandou alcatroar esta área significativa. Em vez de promover a permeabilização dos solos, piora-a a olhos vistos. Podia ter colocado um piso permeável, pois existe, mas alcatroar é mais fácil...
Se repararem, grande parte das margens do rio estão impermeabilizadas e os planos são para expandir. As margens, propriamente ditas, não existem no troço urbano da cidade, existem sim taludes impermeabilizados.
Outro facto importante é que as pedreiras (monstros) de Sicó têm depositado ao longo dos tempos toneladas e toneladas de pó que tem impermeabilizado as vertentes Oeste e Sudoeste da Serra de Sicó. Este é um pequeno grande pormenor que muitas pessoas não imaginam... Vão à serra e escavem uns cm, vão ver...
Mesmo nesta questão das pedreiras e da impermeabilização parcial dos solos devido às toneladas de pó, surgem soluções mirabolantes, caso de uma ideia para construir açudes em alguns valeiros na serra para minorar o problema. Além desta ideia absurda não poder mitigar o problema, só o piora, pois aumentaria apenas o risco a que os pombalenses já estão expostos hoje em dia.
Quando passearem por Pombal, vejam à vossa volta e pensem naquilo que vos acabei de referir. Penso que vão começar a ver as coisas de outra forma.... Respirem o território e vão ver que há muito que vos passa ao lado, algo de conveniente para quem nos (des)governa.
Quando chegar ao dia 25 de Outubro deste ano, peçam responsabilidades, pois a culpa não foi da chuva, foi sim de quem deveria gerir um território de forma sustentada, pensando menos no imobiliário e mais na segurança e qualidade de vida dos pombalenses.
Lembrem-se que a cheia centenária, apesar de ter ocorrido em 2006 não significa que daqui a poucos anos não poderá repetir-se novamente... As probabilidades de acontecer outra vez são cada vez mais elevadas. E quando isso acontecer, infelizmente nem os heróicos bombeiros vão estar preparados, isto porque a Câmara Municipal de Pombal autorizou a implantação do seu actual quartel numa área de risco. Em 2006 parte do recinto ficou... inundado. É um conceito alternativo de protecção civil em Pombal, sem dúvida.
Infraestruturas, caso de hospitais, bombeiros, polícia, etc, nunca podem ser localizadas em áreas de risco, como infelizmente acontece em Pombal. É algo de básico, no domínio do ordenamento do território, que é esquecido por estes lados.
Uma população informada torna-se um notável agente de desenvolvimento territorial, resta ao azinheiragate contribuir de forma positiva para que isso possa acontecer.

19.9.10

As lesmas da região de Sicó!

Foi sem dúvida uma boa surpresa, algo que eu aprecio imenso há muitos anos, começou a ser comercializado de uma forma mais abrangente na região de Sicó!
Conhecidas por lesmas (não essas que vocês devem estar a pensar...), estes biscoitos são muito bons para passar uns largos minutos a comer sem pressas, por exemplo ao lanche com amigos, ou à noite com chá. Não são enjoativas, são saudáveis, saborosas e sem dúvida que são uma boa opção não só para as pessoas da região de Sicó, bem como para quem nos visita. Há que divulgar o produto (biscoito) denominado por "lesma"!
Sempre conheci as lesmas pelos lados de Ansião, nunca ouvi falar das mesmas noutro lugar e nem sequer as vi noutro lugar. São originárias de Ansião, tornando-se assim um produto da região de Sicó que agora ganha um novo destaque.
Até agora eram apenas comercializadas numa escala local, mas finalmente surgiu a ideia de comercializar as lesmas a nível regional (e porque não nacional?!). Compram-se em alguns estabelecimentos comerciais em Ansião, destacando eu especialmente aquele que mais visibilidade dá actualmente às saborosas lesmas:

Queria referir que este destaque deve-se apenas e só ao mérito desta iniciativa, bem como à criatividade na divulgação de algo bem regional (Sicó). Da mesma forma que "publicito" maus exemplos sobre questões patrimoniais, destaco os bons exemplos, há que ser coerente e dar visibilidade a ambos, pois nem tudo é mau na região de Sicó. Eu critico intensivamente, de forma construtiva, porque o valor da região é enorme nos mais variados domínios, acreditem!
Quero referir que o azinheiragate nunca aceitará "prendas" para publicitar, no bom ou no mau sentido, situações várias sobre a região de Sicó. Desta forma seja elogio, crítica ou denúncia, esta partirá apenas e só do azinheiragare, sem interferência alguma!
Voltando à questão, não gostaria de deixar passar em branco outro local onde as lesmas, há-as às resmas:
Só para terminar, obviamente queria fazer um breve reparo agora que as "lesmas" começam a ter uma nova visibilidade em termos comerciais e obviamente gastronómicos.
Penso que o facto da embalagem destacada na foto ser demasiado comercial (integralmente de plástico), não será o mais positivo. Deveria ter-se equacionado uma embalagem mais amiga do ambiente e mais enquadrada na lógica do produto regional. Quiçá mais papel e menos plástico?! Há que salvaguardar a qualidade, pelo que compreendo em parte o plástico, mas mesmo assim penso que é de equacionar no curto prazo uma embalagem "lesmática", a qual além de salvaguardar o produto seja mais uma forma de marketing territorial. Convém evitar uma embalagem que é utilizada num produto vulgar... A "lesma" não é um produto vulgar, portanto há que arranjar uma embalagem particular, caso da já referida "lesmática".
Penso também que deverão ser tomadas algumas medidas no sentido de salvaguardar estas lesmas de "copianços", permitindo assim a defesa do produto com qualidade.
Á parte disto... venham mais lesmas!
Fica o desafio aos estabelecimentos comerciais da região de Sicó que literalmente produzem "património", para que não só o continuem a fazer, bem como façam chegar os produtos regionais, como é o caso das lesmas, a um mercado mais abrangente. Façam-no de forma criativa e sábia, não é necessário gastar muito para que as coisas se façam, basta criatividade e preserverança. Com isso ganham mais e divulgam melhor a região de Sicó!
Há muitos produtos da região de Sicó com qualidade, por isso seja de Ansião, Pombal, Penela, Soure, Alvaiázere ou Condeixa (na parte referente ao carso) ponderem novas formas de fazer mais e melhor.

13.9.10

Um feroz ataque aos Instrumentos de Gestão Territorial

Será, porventura, um dos comentários do azinheiragate mais relacionados directamente com a minha profissão de geógrafo, já que o Ordenamento do Território é o meu domínio principal. Pelo mesmo facto será um comentário muito incisivo.
É uma temática estruturante para a sociedade e para todos os cidadãos, mesmo que estes não se apercebam do facto. Por isto mesmo é que faço questão de trazer agora um exemplo do quanto lesiva pode ser a acção de um cidadão com responsabilidades na questão dos Instrumentos de Gestão Territorial, nomeadamente do que se refere aos Planos Directores Municipais. Irá ser um comentário duro, mas mantendo sempre a linha de imparcialidade, seriedade e de crítica construtiva pelo qual o azinheiragate se pauta desde o seu início. Falarei também numa linguagem simples, de forma a conseguir fazer a tal ponte entre ciência e sociedade, a qual tem faltado na sociedade portuguesa.
Tendo em conta o que referi, passo a retratar a situação:
Desde que me tornei geógrafo, tenho vindo a aprender muitas coisas importantes (e continuarei aprender, sempre!), algumas das quais desconhecia, outras até as conhecia mas de forma inconsciente. Após alguns anos comecei então a compreender certas coisas que passam ao lado do cidadão comum, algo que me trouxe muitas alegrias, mas também algumas tristezas.
Os Instrumentos de Gestão Territorial, nomeadamente o Plano Director Municipal, são instrumentos que visam gerir da melhor forma um determinado território. Visam dar o melhor uso às diferentes parcelas do território. A base de qualquer actividade é sempre o território, de forma directa ou indirecta (genericamente falando), sendo portanto normal que o processo de planeamento tenha em conta estes e outros aspectos. Só assim se consegue trazer sustentabilidade aos processos de crescimento e desenvolvimento das regiões.
É e sempre será algo que incomoda certos actores de desenvolvimento, alguns dos quais pensam no curto prazo, esquecendo o médio e longo prazo. Este facto é um pormenor de extrema importância que alguns dos actores de desenvolvimento territorial se esquecem, por isso mesmo é que defendo que os autarcas deviam ser obrigados a ter noções básicas de ordenamento do território quando se propõem ficar aos destinos de um município. É uma ideia natural e racional que tem sido esquecida desde sempre.
Normalmente e em grande parte dos casos, os actores de desenvolvimento não têm formação na área das Ciências da Terra, algo que nos dias de hoje é preocupante tendo em conta as exigências cada vez maiores para a gestão de um território. Para gerir há que conhecer!
Muitas vezes acontece que um autarca tem formação em economia, algo que por si não é um problema de fundo, mas que pode vir a ser...
Em 2009 li um dos livros mais importantes no que concerne à economia ecológica (Daly & Farley), escrito por um economista sábio, o qual sabe que é a economia que tem de seguir a base territorial e não o contrário. Neste livro li uma expressão fantástica que se pode aplicar ao que irei referir já a seguir.
Este economista refere algo de importantíssimo, que a maioria dos economistas sabe o preço de tudo mas não sabe o valor de nada. Este facto pode ser muito problemático em regiões de grande valor patrimonial, como é o caso da região de Sicó.
É uma frase profunda, extremamente pertinente que urge reflectir. Infelizmente é uma frase que tem reflexos muito negativos na região de Sicó e, em especial em Alvaiázere.
Digo isto porque Paulo Tito Delgado Morgado tem vindo a demonstrar uma clara iliteracial cultural durante a sua presidência, não dando a necessária à importância do Plano Director Municipal, nem mesmo à Rede Natura 2000. Ao invés, vê estes como adversários à sua gestão, tentando fazer tudo para reverter parte da integridade dos mesmos, abrindo assim caminho aos seus planos futuros.
Há poucas semanas, este autarca mostrou isso mesmo, tentand0 promover alterações parciais a alguns artigos do respectivo PDM. Alterações que em termos concretos fragilizam, no mau sentido, algumas bases fundamentais do PDM, caso da Reserva Ecológica Nacional.
Desde que iniciou as suas funções naquele organismo público, cedo prometeu um PDM de segunda geração, algo que tendo em conta algumas falhas dos de 1ª geração até fazia todo o sentido. Dizia que queria limitar a dispersão de casas e trabalhar nos principais núcleos urbanos, de forma a garantir a segurança das pessoas e bens (incêndios florestais) e diminuir os custos com infraestruturas, caso de rede de abastecimento de água, esgotos etc. Tudo isto fazia sentido, mas meses depois começou a ver-se que era mais fácil deixar o caminho livre à especulação imobiliária e que as intenções não passavam disso mesmo. Cerca de um terço dos rendimentos das Câmaras Municipais são devidos à construção, assim já todos percebem o que estamos a falar...
O PDM de segunda geração não apareceu, a revisão parece que nunca mais veio em termos concretos, ficando pouco mais que intenções, e agora quer-se alterar certos artigos de forma a abrir portas a planos que apenas favorecem o imobiliário e os interesses financeiros. Com isto perde o território, as suas gentes e o seu património.
Pessoalmente considero isto um erro muito grave deste autarca, o qual curiosamente já teve vários problemas com o PDM, tendo tido problemas em várias situações, duas delas relacionadas precisamente com a Reserva Ecológica Nacional. Escapou a perca de mandato, derivado de duas destas situações, ainda não se percebe porquê, abafaram-se os casos.
Outro facto que me parece tremendamente negativo é que estas possíveis alterações,as quais felizmente tiveram mal aceitação de muitos alvaiazerenses, parece que mais não são do que medidas para facilitar por exemplo a construção de um hotel na Serra de Alvaiázere, em plena REN. Isto, além de facilitar a dispersão no território de casas, algo que numa área de risco de incêndio elevada, a muito elevada afigura-se como que um verdadeiro risco para as populações.
Outro facto preocupante é que tenta-se, através destas medidas propostas, ressuscitar várias pedreiras até agora desactivadas, algo que numa área de imenso valor patrimonial e de Rede Natura 2000 é absolutamente inaceitável. Lembro que este autarca já teve muitos problemas quando esteve ao lado de uma empresa de extracção de pedra, em vez de estar ao lado das populações, o caso chegou inclusivamente ao Nós por Cá, da SIC.
Este autarca não é o único a cometer estes erros, mas é o que estando à menos tempo no cargo já mais danos causou em termos de integridade do território, no que se refere às políticas de desenvolvimento territorial. Facto perturbador é que este autarca, quando questionado sobre as críticas que lhe são feitas, além de nunca as aceitar, refere que quem as faz é impedidor do desenvolvimento. Falta a cultura democrática a este autarca.
Em Outubro irei falar da ideia deste autarca em construir um hotel numa área protegida (Rede Natura 2000), em Reserva Ecológica Nacional e curiosamente numa área onde existe um monumento a dois aviadores falecidos na Serra de Alvaiázere. Como é possível, mesmo não sabendo sequer se o poderá fazer, que já haja financiamento comunitário? Será isto lógico, normal e aceitável? Para onde vai o ordenamento do território em Alvaiázere?
Os Instrumentos de Gestão Territorial não são bonecos nem marionetas para alguns brincarem ao seu gosto e vontades! Não são instrumentos para utilizar conforme as modas nem mesmo algo para instrumentalizar face a interesses financeiros que se regem em primeiro lugar pelo lucro e não pela integridade e sustentabilidade territorial.

10.9.10

Serão os ambientalistas fundamentalistas?

É uma questão que eu considero crucial em termos de discussão, por isso mesmo a sua pertinência no azinheiragate. Importa então discutir esta questão de forma imparcial.
Pessoalmente nem gosto muito do termo "ambientalista", isto, porque os lóbis financeiros que destroem o nosso património, conseguiram prolongar durante muitos anos o que é afinal um estereótipo. Interessa então desmistificar esta questão porque... é mesmo um "mito urbano".
É certo que há fundamentalistas no universo dos ambientalistas, mas não os haverá em todos os lugares? Claro que sim! Então porque continuamos a insistir que os ambientalistas são fundamentalistas? Sendo uma margem extremamente reduzida (talvez 1%) porque "continuamos" insistir na mesma tecla?
A razão é simples, continuamos a insistir ouvir aqueles pseudointelectuais que falam parcialmente sobre os "ambientalistas", tentando denegri-los. Os pseudointelectuais fazem-no não porque os "ambientalistas" o sejam, mas sim porque estes conseguem afectar gravemente muitos dos planos de lóbis predatórios que a cada dia que passa destroem um património que é de todos, seja património natural, cultural ou construído.
Estes lóbis dizem que os "ambientalistas" querem que voltemos à idade de pedra, pois de acordo com eles os "ambientalistas" vivem em grutas, não fazem a barba e andam sempre a pé. Sei que até é divertido ouvir esta e outras afirmações absurdas, mas afinal estamos a falar de coisas sérias.
Ser-se "ambientalista" não é viver na idade da pedra, é sim viver no século XXI com consciência daquilo que fazemos e dos impactos que a nossa acção poderá ter no nosso quotidiano e no futuro das próximas gerações.
É uma questão de ter a percepção que coisas simples podem ter um impacto muito negativo ou muito positivo, dependendo da nossa atitude perante a vida, nada mais. Lembre-se que a Terra já existia muito antes de nós e continuará a existir muido depois de nós, resta decidir se queremos dar continuidade à nossa espécie e isso é possível vivendo de forma consciente e responsável, sem radicalismos nem fundamentalismos, ao contrário do que os lóbis dizem...
Poderia dar vários exemplos para vos mostrar que os "ambientalistas" além de serem pessoas normais, são sim pessoas racionais, mas darei apenas um exemplo claro e conciso do que falamos afinal.
Um "ambientalista" quando toma um banho curto (não tomando banhos longos), tapa o ralo da banheira de forma a que a água se mantenha ali. Quando acaba o banho, além de ter gasto pouca água, ficou com umas dezenas de litros de água que poderá utilizar no autoclismo.
Imaginem a seguinte situação:
- Uma família "não ambientalista" que gasta todos os dias uns 750 litros de água para tomar banho e que não se preocupa em ela se perder no final. Ao final do mês, gastou 22500 litros de água potável. Gastou também no autoclismo uns 1500 litros. Temos portanto 24000 litros de água.
- Uma família "ambientalista" que gasta todos os dias uns 300 litros de água para tomar banho e que tapa o ralo para a água não se perder. Ao final do mês, gastou 9000 litros de água potável. Não gastou água potável no autoclismo nada, pois utilizou a água dos banhos.
Entre a família "não ambientalista" e a família "ambientalista" há uma diferença de gastos de 15000 litros a desfavor da primeira. Entra aqui a questão da consciência, será que as pessoas não sabem que têm mesmo de poupar um recurso escasso? Possivelmente muitas não querem saber, mas vamos a outra questão:
- No final do mês, quando se paga a conta da água, a família "não ambientalista" paga um valor maior de água, algo que tendo em conta a água barata que temos até não será um problema. Mas aqui entra uma nova variável, a indexação das taxas de lixo ao gasto da água. Aí enquanto que a família "ambientalista" paga talvez uns 20 euros, a família "não ambientalista" para uns 45 ou 50 euros! Multipliquem isto por 12 meses e temos assim quase 300 euros de poupança anual da família "ambientalista", só no que concerne a esta poupança. Agora imaginem poupar (sem ter necessidade de cortar alguma coisa no que é essencial) em boa parte das coisas que fazemos em casa. Dá que pensar, não dá?
Multipliquem isto por milhões de lares e imaginem o que se perde de forma completamente evitável todos os anos...
É disto que estamos a falar no que se refere ao ser-se ou não ambientalista. Não é uma questão redutora de se gostar do planeta, é sim de se gostar do planeta que nos sustenta, da nossa família e das suas finanças, e de ter a noção que em outros países mata-se pela água que muitas vezes deitamos fora no puro desperdício. É acima de tudo ser-se racional e consciente, nada mais. Há muito mais a dizer, mas penso que com isto o estereótipo do "ambientalista" já começa a ser desmontado, para desespero dos lóbis financeiros predatórios. Uma sociedade informada é menos vulnerável aos ataques daqueles que só pensam no dinheiro e no curto prazo.
Resta agora pensar bem se o fundamentalista não será aquele que gosta de gastar água potável no autoclismo....
Há já alguns bons livros que recomendo sobre esta temática, brevemente farei referência ao mesmo, esperando que agora alguns de vós comecem a reflectir sobre esta e outras questões. Felizmente são cada vez mais as pessoas informadas que já começam a saber algo sobre esta temática.